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23/07/2008 - 08h04

Falta de maiô e comida demais preocupam nadadores na saída do Brasil

Fernanda Brambilla
Em São Paulo
No embarque da delegação brasileira de natação, na noite desta terça-feira rumo a Macau, local da aclimatação, os atletas se dividiam entre duas preocupações muito distintas: enquanto uns lamentavam a ausência do maiô LZR Racer, da Speedo, marca que é patrocinadora dos nadadores do país, outros já atentavam para outro 'perigo', a fartura de comida na Vila Olímpica.

No que diz respeito ao maiô, os brasileiros dependem da aquisição do produto nos dias que antecedem a competição. "Temos a palavra da Speedo internacional de que teremos o modelo à disposição quando chegarmos lá em Macau. Se isso também não acontecer, aí as coisas complicam", disse Flávia Delaroli, que nadará os 50 m livre e o 4 x 100 m livre em sua segunda Olimpíada. Apesar do descontentamento visível, a nadadora minimizou a falta da peça. "Treinei para nadar com ou sem maiô, não vou me preocupar com isso. Vou falar com o pessoal que mora fora, ou até o Cesão (César Cielo, que encontra a delegação na escala em Toronto, no Canadá), quem sabe alguém arranja."

Joanna Maranhão, que embarcou sem o técnico Nikita de Recife, e parou em São Paulo, também disse apostar nos amigos de fora. "Conheço um pessoal dos Estados Unidos, vou ver se algum deles me ajuda com isso", comentou a atleta. "A gente sabe que ajuda, além do fator psicológico que esse maiô já vem exercendo nos nadadores. Nadei no início do ano com um usado e gostei."

A novata Gabriella Silva também lamentou a falta de tempo para a adaptação ao maiô. "Estava contando com os dois maiôs que a gente tinha a promessa de receber, e no fim não tenho nenhum. A gente embarca acreditando que vai encontrar lá em Macau, mas não sei se vai ter o meu tamanho, que é o menor", diz a nadadora de borboleta. "Como sou muito magra, esses maiôs sempre ficam meio largos, e corre o risco de entrar água. Sem testar antes, fica tudo ainda mais difícil."

Além do "maiô dos recordes", outro fator ocupava a mente dos nadadores: a fartura de comida na Vila Olímpica. "McDonald's de graça, dá pra imaginar o tamanho do estrago? Não cair em tentação vai ser um problemão", brincou o veterano Rodrigo Castro, rumo à sua terceira Olimpíada.

Para Gabriel Mangabeira, finalista em Atenas-2004, o jeito é tentar conter a gula. "Vou escrever na mão um aviso pra não comer, aí quando for pegar o garfo vejo o que escrevi e me contenho", disse o nadador. "Essa coisa de comida de graça não dá certo..."

Joanna lembrou as recomendações do treinador Nikita. "Não posso chegar perto de doce, senão vai virar a minha válvula de escape. Consegui perder peso nos últimos meses e tudo pode ir abaixo se eu não me segurar", afirmou a nadadora.

Já Flávia apelou por uma bagagem reforçada. "Calculei o quanto vou tomar de suplemento durante todos os dias dos Jogos e gastei mais de R$ 200,00 em comida, está tudo na mala", diz a atleta. "Por sorte, não como fast-food."

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