A China investiu muito dinheiro nos últimos anos para viabilizar o sonho olímpico e buscar uma inédita liderança no quadro de medalhas nos Jogos de Pequim. Porém se os Campeonatos Mundiais de cada modalidade são a maior referência para o que acontecerá daqui a 16 dias na capital chinesa são os EUA que chegam como favoritos à primeira posição, segundo o levantamento feito pelo
UOL Esporte no último Mundial de todas as 34 modalidades presentes nos Jogos.
No principal evento de cada esporte, os asiáticos aumentaram em 44,4% o número de pódios em relação às Olimpíadas de Atenas-2004, porém ainda é insuficiente para bater os norte-americanos. A China obteve 91 medalhas mundiais, sendo 39 de ouro, 28 de prata e 24 de bronze. Uma performance bem melhor que os 63 pódios da última edição olímpica, mas ainda inferior aos EUA, que tiveram 46 ouros, 24 pratas e 28 bronzes no último Mundial de cada prova olímpica.
Apesar do crescimento, o país-sede dos Jogos Olímpicos ficaria atrás, inclusive, da Rússia, que obteve os mesmos 39 ouros dos chineses, mas ficaram 31 vezes em segundo lugar e outras 27 em terceiro. A liderança não seria alcançada, porém se a China mantiver este desempenho em Pequim terá a sua melhor participação em termos de medalhas na história dos Jogos. Até hoje, o máximo que a nação conseguiu no evento foi em 2004. Porém, na época, ela foi a segunda no quadro geral.
O aumento chinês, entretanto, não é resultado de uma maior diversidade de modalidades. O país não foi ao pódio do último Mundial em quatro esportes (ciclismo, tiro com arco, vôlei e tênis) que foi medalhista olímpico. As únicas inclusões foram no remo e vôlei de praia, sendo que na última foi considerado a etapa de Gstaad-2007 do Circuito Mundial, que foi denominada de Mundial pela FIVB. Já no tênis, como não há um Mundial específico, o evento considerado para o levantamento foi o Masters, realizado no final de 2007 com a participação dos oito melhores da temporada.
Os chineses melhoraram mesmo nas modalidades que já haviam sido laureados em Atenas. O caso mais forte é o da ginástica artística. Há quatro anos, a China obteve apenas um ouro e dois bronzes, bem diferente do Mundial de Stuttgart, no ano passado, quando o país levou cinco ouros, duas pratas e um bronze. Yibing Chen ajudou a equipe masculina a ser campeã, e ainda foi o melhor no exercício de argolas. Já no feminino, Fei Cheng foi o grande nome com o ouro no salto.
Com o crescimento chinês, os EUA seguraram a liderança graças ao domínio na natação e no atletismo. Em Melbourne-2007, os nadadores do país faturaram simplesmente 17 ouros, 9 pratas e 3 bronzes, sendo que Michael Phelps participou de sete triunfos (100 m e 200 m borboleta, 200 m livre, 200 m e 400 m medley, e os revezamentos 4 x 100 m e 4 x 200 m livre). Na China, o nadador ainda atuará no 4 x 100 m medley.
Já no atletismo, os norte-americanos subiram 14 vezes ao lugar mais alto do pódio do Mundial de Osaka-2007, com o velocista Tyson Gay sendo o vencedor nos 100 m rasos, 200 m rasos e revezamento 4 x 100 m rasos. Os EUA ainda tiveram quatro ouros mundiais na ginástica artística, e dois no vôlei de praia e no boxe. Porém, vale lembrar que o Mundial de boxe, realizado em Chicago-2007, não teve a participação de Cuba, potência do esporte, que temia deserções na equipe.
OS MEDALHISTAS BRASILEIROS |
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Seleção de vôlei com a taça do Mundial de 2006. Veja quais os outros brasileiros que foram ao pódio no último Mundial. |
Ouro: Vôlei masculino, Diego Hypólito (solo da ginástica artística), João Derly (meio-leve do judô), Tiago Camilo (meio-médio do judô) e Luciano Corrêa (meio-pesado do judô) |
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Prata: Vôlei feminino, Jadel Gregório (salto triplo do atletismo) e futebol feminino |
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Bronze: Jade Barbosa (individual geral da ginástica artística), João Gabriel Schlittler (peso pesado do judô), Natália Falavigna (acima de 67 kg do taekwondo), Juliana/Larissa (vôlei de praia) e Robert Scheidt/Bruno Prada (classe Star da vela) |
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No mesmo levantamento, o Brasil ocupa a 17ª colocação do quadro, com 13 medalhas, sendo 5 de ouro, 3 de prata e 5 de bronze. O desempenho brasileiro foi impulsionado pelo judô, que faturou três medalhas douradas no Mundial do Rio de Janeiro, no ano passado. O país viu os triunfos do meio-leve João Derly, do meio-médio Tiago Camilo e do meio-pesado Luciano Corrêa. Além disso, outros atuais campeões mundiais do Brasil são o ginasta Diego Hypólito (ouro no solo) e a equipe masculina de vôlei.
O desempenho é muito próximo de Atenas-2004, já que o país teve 5 ouros, 2 pratas e 3 bronzes. Mas é importante mencionar que duas das maiores esperanças do país não foram tão bem no Mundial de sua modalidade. A dupla Ricardo e Emanuel, do vôlei de praia, ganhou as últimas cinco edições do Circuito Mundial, mas fracassou no Mundial de Gstaad-2007, quando foi quarto colocado. Já o velejador Robert Scheidt venceu o Mundial da classe Star no ano passado, ao lado de Bruno Prada, mas foi bronze nesta temporada em Miami (EUA).
Se as três primeiras posições e o Brasil não tiveram mudanças, a lista dos dez melhores teria a entrada de Belarus, que subiu dos dois ouros olímpicos para oito triunfos mundiais. Em compensação, caíram de rendimento três potências esportivas: Japão, quinto em Atenas-2004 cairia do 5º para o 11º lugar (de 16 para 5 ouros), Ucrânia (dono de 9 ouros olímpicos e apenas 1 nos últimos Mundiais) e Romênia, que não obteve um triunfo nas 308 provas do programa olímpico.