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18/07/2008 - 08h23

Laís disputa sua 2ª olimpíada como a esperança que não vingou

Bruno Império
Do UOL Esporte
Em 2004, Laís Souza disputou sua primeira olimpíada na condição de coadjuvante de Daiane dos Santos. Foi a 18ª e melhor brasileira na trave e contribuiu para que a equipe brasileira fosse a nona colocada nos Jogos da Grécia. Em Atenas, a garota de 15 anos natural da cidade de Ribeirão Preto se apresentava para o mundo como a mais promissora e completa atleta do Brasil. Hoje, quatro anos depois, Laís é uma promessa de sucesso olímpico que não se tornou realidade.

Arquivo Folha
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Fraturas nas pernas, lesões por estresse e uma incrível sobrecarga de exercícios decorrente do puxado cotidiano de treinos que os joelhos da ginasta de 1,52 m de altura e 48 kg não conseguiram suportar. Uma somatória de fatores físicos, aliada ao cansaço da rotina espartana que as atletas são submetidas no quartel general da seleção feminina permanente, em Curitiba, minou as possibilidades de Laís trazer uma insígnia olímpica.

Ela, que chegou a ser apontada como a discípula de Daiane dos Santos que seria capaz de superar a mestre, embarcou na última quarta-feira para o Japão para se preparar para os Jogos de Pequim desacreditada de suas próprias possibilidades. Viajou na condição de titular absoluta da equipe. O técnico Oleg Ostapenko confirma sua escalação. A ginasta, por sua vez, teme até mesmo que possa ficar fora dos Jogos.

"Meus joelhos estão muito ruins. Uma lesão pode surgir a qualquer momento, como já aconteceu outras vezes", diz. A própria ex-promessa à estrela se considera coadjuvante. "Tenho noção do que posso e não posso fazer. Não acredito em medalhas e estou indo somente para ajudar a equipe", completa.

Laís foi levada à seleção em 2002 pelas mãos de Ostapenko. O ucraniano havia acabado de chegar ao país para montar a seleção permanente no recém-construído centro de treinamento de Curitiba e descobriu a ginasta enquanto garimpava talentos no Campeonato Brasileiro daquele ano. Laís, então com 14 anos, despertou o interesse do treinador ao conquistar o título nacional adulto no individual geral e no salto.

O primeiro contrato de Oleg com a Confederação Brasileira de Ginástica era válido até 2004, ano em que a ginástica artística feminina ficou marcada pelo fracasso de Daiane na busca por uma medalha de ouro nos Jogos de Atenas. Com dois pousos desequilibrados ao som de "Brasileirinho", a gaúcha que vinha de um título mundial no solo no ano anterior deu adeus à medalha de ouro. Oleg quase foi embora.

À época, Nadija Ostapenko, esposa de Oleg que também integra a comissão técnica verde e amarela, revelou que o treinador ucraniano alegou saudades de sua terra natal e pensou em abandonar o Brasil. A esperança em Laís foi um dos fatores que o motivou a ficar. "Ele sente saudades da Ucrânia. Um dia me disse: 'vamos voltar para lá, é o nosso lugar'. Acho que dois dias depois, veio me falar: 'A Laís é muito boa, vai ser melhor que a Daiane. Quero muito vê-la na outra Olimpíada", disse.

Oleg verá Laís em Pequim. Só não acredita que será no pódio, como chegou a sonhar há quatro anos. "Ela teve muitas lesões. Uma pena. Também não acredito que nossas possibilidades na disputa por equipes sejam boas. Ela vai poder ajudar o time, mas nada além disso", finalizou.

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