UOL Olimpíadas 2008 Notícias

10/07/2008 - 08h17

Exemplo do novo peso pesado, Riner responde à pressão com sorrisos

Bruno Doro
Em São Paulo
Teddy Riner tem 19 anos, mais de dois metros de altura, quase 130 kg e um sorriso fácil. Nos ombros do quase adolescente nascido na ilha de Guadalupe, no Caribe, estão as maiores esperanças de conquista do ouro olímpico em Pequim da França, uma das potências do judô mundial.

ASCENSÃO METEÓRICA
Marcus Desimone/UOL Esporte
 
A rápida ascensão de Riner no judô já era esperada quando ele faturou o Campeonato Mundial Júnior em 2006. Desde então, ele começou a disputar o circuito europeu na categoria adulta e também teve atuação destacável.

Em setembro de 2007, o judoca teve a chance de disputar sua primeira grande competição no Mundial do Rio de Janeiro. E o resultado não poderia ter sido melhor.

Logo em sua primeira luta, Riner teve pela frente o japonês Kosei Inoue, um dos maiores judocas de todos os tempos, que fazia seu retorno aos mundiais após anos afastado.

Depois de uma vitória contestada pelos japoneses, ele avançou na chave até encarar na decisão outro atleta de renome: o russo Tamerlan Tmenov. Superior ao longo do duelo, Riner cedeu poucas chances ao rival e mostrou porque era considerado uma das grandes revelações da modalidade.
IPPON PARA O CAMPEÃO MUNDIAL
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Riner é o exemplo mais bem acabado do novo modelo dos pesos pesados (+ 100 kg) no judô. Antes, a categoria era dominada pelos gordinhos. Nos últimos cinco anos, os atletas com gordurinhas a mais foram substituídos por montanhas de músculos, que combinam tamanho e força.

Campeão mundial no Rio de Janeiro, no ano passado, talvez pela idade Riner ri para a pressão de ser uma estrela do esporte francês. Responde a todas as perguntas sorrindo, simpático. Ao ouvir a palavra futebol, em português mesmo, sua resposta é sempre rápida: "Ronaldinhô", o Gaúcho, que foi ídolo do Paris St. Germain, time mais popular da cidade em que Riner vive, antes de brilhar no Barcelona. Brasil? "Adoro o país. Gosto muito do Rio de Janeiro".

O judô verde-amarelo? Aí a resposta é mais séria. Junto com a seleção francesa, ele veio ao país duas vezes nos últimos meses. Foi campeão mundial no Rio em setembro do ano passado, levou o ouro da Copa do Mundo de Belo Horizonte, em abril, e treinou em São Paulo em maio, para aprender. "O Brasil é um país muito forte no judô. Uma das potências do mundo. E tem um estilo muito próprio. É bom treinar aqui".

A presença do francês no país também foi benéfica. Além de testar a força do campeão mundial, como a reportagem do UOL Esporte fez (clique aqui para conferir o relato), os brasileiros acompanharam, de perto, como o gigante francês se prepara. Cinco dias por semana, sempre de manhã, Riner enfrenta uma dura rotina de preparação física.

Faz barras segurando a gola do quimono, para simular a pegada durante uma luta. Faz inúmeras séries de flexões com o punho fechado. Centenas de abdominais com uma das pernas para o alto. Com um pequeno aparelho manual, faz séries para aumentar ainda mais a força no punho.

Todos os exercícios são normais para os judocas. Mas o que impressiona é o número de repetições. Enquanto toda a equipe, brasileira ou francesa, já se dirigia ao hotel, Riner ainda estava no tatame, terminando seus exercícios. Perguntado se personifica o novo peso pesado, Riner é modesto. "Eu não comecei isso. É uma tendência mundial. Hoje, todos treinam tanto assim".

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