Teddy Riner tem 19 anos, mais de dois metros de altura, quase 130 kg e um sorriso fácil. Nos ombros do quase adolescente nascido na ilha de Guadalupe, no Caribe, estão as maiores esperanças de conquista do ouro olímpico em Pequim da França, uma das potências do judô mundial.
Riner é o exemplo mais bem acabado do novo modelo dos pesos pesados (+ 100 kg) no judô. Antes, a categoria era dominada pelos gordinhos. Nos últimos cinco anos, os atletas com gordurinhas a mais foram substituídos por montanhas de músculos, que combinam tamanho e força.
Campeão mundial no Rio de Janeiro, no ano passado, talvez pela idade Riner ri para a pressão de ser uma estrela do esporte francês. Responde a todas as perguntas sorrindo, simpático. Ao ouvir a palavra futebol, em português mesmo, sua resposta é sempre rápida: "Ronaldinhô", o Gaúcho, que foi ídolo do Paris St. Germain, time mais popular da cidade em que Riner vive, antes de brilhar no Barcelona. Brasil? "Adoro o país. Gosto muito do Rio de Janeiro".
O judô verde-amarelo? Aí a resposta é mais séria. Junto com a seleção francesa, ele veio ao país duas vezes nos últimos meses. Foi campeão mundial no Rio em setembro do ano passado, levou o ouro da Copa do Mundo de Belo Horizonte, em abril, e treinou em São Paulo em maio, para aprender. "O Brasil é um país muito forte no judô. Uma das potências do mundo. E tem um estilo muito próprio. É bom treinar aqui".
A presença do francês no país também foi benéfica. Além de testar a força do campeão mundial, como a reportagem do UOL Esporte fez (clique
aqui para conferir o relato), os brasileiros acompanharam, de perto, como o gigante francês se prepara. Cinco dias por semana, sempre de manhã, Riner enfrenta uma dura rotina de preparação física.
Faz barras segurando a gola do quimono, para simular a pegada durante uma luta. Faz inúmeras séries de flexões com o punho fechado. Centenas de abdominais com uma das pernas para o alto. Com um pequeno aparelho manual, faz séries para aumentar ainda mais a força no punho.
Todos os exercícios são normais para os judocas. Mas o que impressiona é o número de repetições. Enquanto toda a equipe, brasileira ou francesa, já se dirigia ao hotel, Riner ainda estava no tatame, terminando seus exercícios. Perguntado se personifica o novo peso pesado, Riner é modesto. "Eu não comecei isso. É uma tendência mundial. Hoje, todos treinam tanto assim".