Daniele Hypólito está prestes a disputar sua terceira Olimpíada. Nas duas anteriores, fez história ao garantir a melhor classificação de uma ginasta brasileira em Jogos Olímpicos: o 12º lugar em Atenas-2004, superando o 20º que ela mesma havia alcançado em Sydney-2000. Para Pequim, as expectativas são menores, já que Jade Barbosa e Diego Hypólito são as grandes esperanças do país na modalidade. Mas a paulista rechaça a possibilidade de ir à China como mera coadjuvante.
Questionada pelo
UOL Esporte se iria aos Jogos em papel secundário, Daniele negou, lembrando sua carreira e seus resultados. "Nem um pouco. Sou atleta há muito tempo na ginástica e não me sinto acuada com essas coisas", declarou a ginasta. "Vou realizar um sonho, e se eu realmente for, será uma honra disputar minha terceira olimpíada".
No entanto, a veterana é cautelosa ao falar sobre suas chances olímpicas. "Minha intenção sempre é representar bem o meu país. A ginástica sempre varia conforme o decorrer da situação. Mas se eu tiver chances de disputar uma medalha, vou lutar com unhas e dentes", garante Daniele, avisando que vai a Pequim com um segundo, porém não menos importante, objetivo. "Também vou torcer pelo meu irmão [Diego], que vai dar show".
A classificação para Pequim ainda não está definida, já que o técnico ucraniano Oleg Ostapenko anunciará as seis representantes apenas na segunda metade de julho, durante um período de treinamentos e aclimatação do grupo no Japão. No entanto, o próprio treinador já admitiu que Daniele é uma das mais cotadas para o time.
A confiança de Oleg, que já teve dificuldades de relacionamento com Daniele, deve-se muito mais à experiência da ginasta do que a seus resultados recentes em competições internacionais. Neste ano, a atleta, que sofreu uma lesão no ombro em abril, disputou apenas uma etapa de Copa do Mundo, na China, e ficou em oitavo lugar no solo.
Insatisfeita com seu desempenho, Daniele deixou a seleção permanente no final de maio e retornou ao Rio de Janeiro para treinar no Flamengo, seu clube, e se preparar separadamente.
"Eu não estava bem pessoalmente. Queria melhorar e acabei voltando para saber se eu conseguiria", contou Daniele, que durante quase um mês treinou com os técnicos Ricardo Pereira e Viviane Araújo na Gávea. A atleta ainda teve acompanhamento psicológico e ouviu conselhos do irmão Diego, que treinava no mesmo ginásio.
A 'deserção' deu certo. Daniele, em meados de junho, foi um dos destaques do Campeonato Brasileiro de ginástica artística e rítmica, em Maceió, com quatro medalhas (ouro na trave, prata no solo e por equipe, e bronze no individual geral).
Justamente por ter notado os benefícios de treinar sozinha, Daniele já pensa na possibilidade de não retornar definitivamente à equipe permanente.