UOL Olimpíadas 2008 Notícias

08/07/2008 - 09h08

A um mês da abertura, brasileiros se espalham pelo mundo por Pequim

Do UOL Esporte *
Em São Paulo
REMO NAS AGULHAS NEGRAS
Divulgação
Treino na altitude é normalmente associado a atletismo ou natação. O remo aproveitou o exemplo e foi ao Pico das Agulhas Negras, no Rio de Janeiro, para treinar a 2971 metros. Fabiana Beltrame, primeira remadora olímpica do país, garante que a altitude trará benefícios. "Vai ser bom, vamos focar no treinamento e chegar a Pequim com mais gás".

Uma curiosidade: no pico, a delegação está abrigada nas instalações das Indústrias Nucleares do Brasil.
VAGA NOVA SÓ EM 2 MODALIDADES
PEQUIM CORRE CONTRA O ATRASO
Os atletas brasileiros começam a ganhar o mundo, nem que seja viajando por ele graças às verbas de viagem vindas do governo federal. A um mês da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, parte da delegação que defenderá a bandeira verde-amarela em Pequim já deixou o país, espalhada pelos quatro cantos do planeta para o final da preparação ou para a disputa das últimas competições antes de mergulhar definitivamente no universo olímpico.

O time de vôlei do técnico José Roberto Guimarães, por exemplo, está no Japão, para a última semana do Grand Prix. O torneio fecha a preparação da equipe, que ainda volta ao Brasil e treina duas semanas em Saquarema (Rio), antes ir de novo para o outro lado do mundo para jogar as Olimpíadas.

O caso é o mesmo do time de judô feminino, que está em Portugal, treinando até sexta, quando volta ao Brasil - o time masculino está no país, e o time completo embarca para o Japão no próximo dia 23, para a aclimatação das Olimpíadas.

A equipe de ginástica também esteve na Europa - disputou no último fim de semana um torneio na Itália. Já de volta ao país, as garotas se preparam para viagem para o Japão, no dia 16. O time viaja com oito ginastas e o técnico Oleg Ostapenko cortará duas atletas apenas na Ásia. Já as representantes da ginástica rítmica viajam para a Bulgária para os últimos acertos.

Outras modalidades, como a natação, estão divididas. César Cielo compete na Croácia, enquanto Kaio Márcio faz preparação na altitude do México. No atletismo, o time viajou para a Espanha, onde, no sábado, Maurren Maggi venceu o GP de Madri.

BOXE ENTRE OS MELHORES
Divulgação
A equipe brasileira de boxe está treinando em Cuba, lar da equipe mais vitoriosa da modalidade. Em Atenas-2004, foram oito medalhas, sendo cinco de ouro. Os pugilistas verde-amarelos, porém, estão desfalcados: dos seis classificados, Robenilson Vieira (51 kg) e Washington Silva (81 kg) estão contundidos.

"Os dois estão com problema médicos e achamos melhor não viajarem, para serem tratados por nossos médicos no Brasil", disse Otílio Toledo, coordenador da seleção. Os boxeadores que estão em Cuba voltam no dia 14 e embarcam no fim do mês para a China.
FOTOS DOS TREINOS EM HAVANA
Outros atletas não devem nem mesmo passar pelo país no último mês antes dos Jogos. Os ciclistas Luciano Pagliarini e Murilo Fischer, por exemplo, moram na Europa e devem viajar para a China sem escalas no Brasil. Fischer, inclusive, está disputando a Volta da França, mais importante torneio da modalidade, e só estará livre para Pequim a 15 dias dos Jogos.

Os dois triatletas classificados também não voltam mais ao Brasil. Mariana Ohata e Reinaldo Colucci se despediram de casa no final de junho e ficam até o final de julho na Suíça, antes de partir para a ilha de Jeju, na Coréia do Sul, onde fazem a aclimatação para Pequim.

"Será um bom período na Suíça, vamos fugir do país e ficar um pouco em paz. Temos de ficar longe dessa badalação de imprensa, família e amigos nessa hora. São quatro anos de trabalho e mais um esforço agora não fará mal nenhum", comemora Mariana Ohata, que vai para sua terceira Olimpíada.

As equipes de hipismo (CCE, adestramento e saltos) também estão na Europa, desde maio. Os titulares olímpicos do CCE foram anunciados na semana passada e os dos saltos saem nessa semana. Os cavalos, que têm de passar por uma quarentena antes de competir em Hong Kong (sede da modalidade), embarcam para a China nos dias 25 e 26 - os cavaleiros vão depois.

Os atletas que ainda estão no Brasil, porém, já estão de malas prontas. Única representante do pentatlo moderno, por exemplo, Yane Marques vem de uma temporada repleta de viagens. Só em 2008, ela passou por Hungria e República Tcheca, por exemplo. No dia 20, ela deixa o país definitivamente, a caminho de França e Coréia do Sul, onde fará a aclimatação olímpica.

Nesse cenário, o nervosismo já começa a aflorar. Até mesmo nos mais experientes. Tiago Camilo, campeão mundial de judô e medalhista olímpico (prata em Sydney-2000), está tendo pesadelos com sua segunda participação em Olimpíadas. "Eu tive o mesmo sonho duas noites seguidas. Estava na balança, no dia de lutar, olhava para o relógio e marca 83 kg. Eu até tentava correr, mas não dava o peso", diz o judoca, que deve pesar 81 kg para competir em sua categoria, os médios.

Até o final do mês, a grande maioria dos olímpicos brasileiros, nervosos ou não, deixa o país a caminho de Pequim, na maior delegação brasileira da história dos Jogos.

* Com reportagem de Antoine Morel, Bruno Doro, Fernanda Brambilla, Fernando Narazaki e Rodrigo Bertolotto

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