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01/07/2008 - 11h56

Remo inova e se concentra na altitude para surpreender em Pequim

Thiago Santos
Em São Paulo
A seleção olímpica de remo viaja nesta terça-feira para o Pico das Agulhas Negras, no Rio de Janeiro, para treinar na altitude, e acredita que pode melhorar a performance dos atletas para a disputa dos Jogos Olímpicos de Pequim.

É a primeira vez que a equipe de remo treina "nas alturas" como preparação para uma Olimpíada, e os atletas vêem com bons olhos a estratégia adotada pela confederação brasileira.

Fabiana Beltrame, a primeira remadora a representar o país em Jogos Olímpicos (Atenas-2004), garante que esse tipo de treinamento adotado trará benefícios para os remadores. "Vai ser bom, vamos focar no treinamento e chegar a Pequim com mais gás".

"Nesta reta final de preparação, achei bastante interessante este período de treinamento em altitude. Vamos ganhar em capacidade física e também em concentração, já que lá estaremos 100% focados", diz Camila Carvalho, dupla de Luciana Granato no Double Skiff.

A programação dos brasileiros consiste em quatro horas aperfeiçoando a parte técnica no Lago Rezende, fora da altitude, e o restante do dia ficarão no ar rarefeito, na parte alta do Parque Nacional. Dentro destas 20 horas, será separado um período de quatro ou cinco horas para a parte física, com treinamentos no remo ergômetro (aparelho que simula as remadas fora da água), musculação e corridas.

A tática usada pela equipe brasileira já foi utilizada pelo brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima, antes de embarcar para Atenas-2004, e vem sendo usado constantemente pelos atletas do atletismo. O maratonista Franck Caldeira já iniciou seu treinamento no local. Outra modalidade que está adotando esse estilo de treino é a delegação de luta olímpica.

O Pico das Agulhas Negras tem 2.791 metros e está situado na parte mais alta do Parque Nacional do Itatiaia, localizado na divisa dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. A delegação está tendo apoio da INB, Indústrias Nucleares do Brasil, que está cedendo espaço para os remadores treinarem.

"Diferentemente do treino ao nível do mar, quando se trabalha em altitude se tem um aumento no número de hemoglobina, que eleva o oxigênio e faz o atleta render mais. Acredito que poderemos melhorar nossa classificação olímpica e também superar adversários continentais como Cuba", explica Júlio Noronha, técnico da Confederação Brasileira de Remo.

O treinamento na altitude consiste em aumentar o desempenho do atleta. O organismo em altitudes elevadas está exposto à densidade de ar reduzida, com menos pressão de oxigênio. As alterações atmosféricas acarretam uma série de adaptações no organismo, dentre elas, a maior formação de hemoglobinas e hemácias, que facilitam o transporte e a utilização do oxigênio, aumentando a resistência do atleta.

No Pan-Americano do Rio de Janeiro, em 2007, o Brasil conquistou três medalhas na modalidade, uma prata e duas de bronze, Anderson Nocetti esteve presente em duas destas conquistas, mas sempre atrás dos cubanos. E é nesse ponto que Noronha visa um avanço, para chegar a Pequim com um grupo competitivo.

O Brasil terá seis representantes na modalidade. Anderson Nocetti e Fabiana Beltrame, no Single Skiff, as duplas Thiago Gomes/Thiago Almeida e Luciana Granato/Camila Carvalho no Double Skiff peso leve.

A delegação ficará nas Agulhas Negras até o dia 21 de julho, depois seguindo rumo à China no dia 27 do mesmo mês. A estréia no remo, em Pequim, será dia 09/08 para os individuais e dia 10/08 para as duplas.

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