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24/06/2008 - 15h05

Vela brasileira viaja atrás da lua, mas encontra neblina e "mar verde"

Bruno Doro
Em São Paulo
Em busca das mesmas condições de vento e maré que encontrarão durante os Jogos Olímpicos de Pequim, em agosto, a equipe brasileira de vela olímpica passou duas semanas na cidade de Qingdao, na China, onde serão realizadas as regatas olímpicas. Os velejadores, porém, encontraram bem mais do que procuravam.

CONDIÇÕES ADVERSAS
Divulgação
Fernanda Oliveira e Isabel Swan, da 470, em meio ao 'mar verde', tomado por algas
Rui Pestana/Divulgação
Bimba aponta para a entrada da marina: visibilidade zero quando nevoeiro aparece
CONHEÇA O TIME DE VELA BRASILEIRO
BRUNO FONTES MOSTRA NEBLINA
SCHEIDT E PRADA: ÚLTIMO TORNEIO
Em quase 20 dias na cidade, na mesma fase da lua que encontrarão em agosto, durante os Jogos, os treinos foram realizados em condições que quase impediam que os barcos fossem para a água. Em um dia, o vilão era a neblina, que reduzia a visibilidade e obrigava cada barco a sair com GPS, sistema de posicionamento via satélite, para não se perder em alto mar. Em outros, a vilã era uma espécie de alga, que cobria o mar e impedia o uso de algumas raias.

"Era impossível não pegar as áreas de alga. Algumas 'ilhas' eram do tamanho de um campo de futebol. Os pescadores tiravam da água, todos os dias, barcos cheios de alga e mesmo assim ainda ficava bastante. Se pegar no barco, atrapalha mesmo", conta André Fonseca, da classe 49er.

A neblina também atrapalhou bastante. "Em alguns dias, não tínhamos visibilidade nenhuma. Se fosse regata, ela teria sido cancelada", diz a gaúcha Fernanda Oliveira, da classe 470. Bruno Fontes, da classe Laser, se perdeu no primeiro dia em que encontrou a neblina.

"Para voltar para o clube, fomos no 'feeling' mesmo. Partimos na direção em que achávamos que estava a costa e, quando chegamos perto, fomos costeando até o clube. No visual, não dava para encontrar nada", diz o catarinense.

"Treinamos diariamente na raia olímpica, não importando a condição climática, mas, por via das dúvidas, o GPS andava sempre ao alcance da mão. Foi preciso paciência oriental e olhos bem abertos para poder treinar", lembra o técnico Eduardo Abad, que comanda a preparação de Ricardo Winicki, o Bimba, da classe RS:X.

Apesar dos problemas, o período de treinamento foi positivo. O time brasileiro, que viajou com representantes de todas as classes, menos a Star (Robert Scheidt e Bruno Prada ficaram na Europa, treinando, no mesmo período) e a 470 masculina (Fábio Pillar e Samuel Albrecht disputaram o Campeonato Europeu), encontrou todos os tipos de condições que devem se repetir em agosto.

"No dia 14, por exemplo, o nevoeiro foi bastante denso e o vento fraco. Um dia depois, a situação mudou completamente, com um dia de sol e vento, muito parecido com o dia da medal race (regata das medalhas) do evento teste do ano passado. Esta condição nos faz lembrar que, embora estejamos esperando ventos muito fracos durante os Jogos, não podemos esquecer de velejar com mais vento", explica Abad.

Segundo os velejadores, os problemas encontrados no período não devem se repetir durante as Olimpíadas. "Esse problema é típico dessa época do ano. Em agosto, o problema vai ser só o vento mesmo", explica André Fonseca.

O problema com as algas foi o que mais chamou a atenção. Segundo Fonseca, a alga é usada tanto na indústria alimentícia, quanto farmacêutica. "Os pescadores tiram diariamente muita alga da água, e vendem para restaurantes e para fazer remédios".

A época do ano da viagem brasileira foi definida para replicar a mesma fase da lua do período de regatas olímpicas. Como os velejadores devem encontrar ventos fracos durante o evento, a direção e a intensidade das correntes e marés, determinadas pelas fases da lua, serão determinantes para um bom desempenho.

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