Aos 41 anos, o mais experiente jogador de vôlei de praia do Brasil foi obrigado a desistir do sonho de disputar sua segunda Olimpíada. Por conta de uma lesão no tornozelo esquerdo de seu parceiro Pedro Cunha, o cearense Franco disputará as próximas etapas do circuito mundial ao lado de Benjamin e, desta maneira, está fora da briga pela última vaga nos Jogos que ainda em disputa. Ricardo-Emanuel já garantiu passagem.

"O sonho acabou. O Pedro, infelizmente, está machucado e não vai jogar até estar plenamente recuperado. Esta lesão foi muito ruim para nós. O sonho olímpico, para mim, acabou", afirmou Franco, que também contabiliza outros prejuízos com a lesão do parceiro. "Estou perdendo dinheiro também. Ficamos fora de duas etapas e, agora, terei de jogar com outro parceiro", completou o atleta que foi eleito o melhor jogador do País em 2007 e foi campeão brasileiro com Pedro Cunha ao vencer a grande final do circuito nacional, em João Pessoa.

Para não decepcionar o companheiro a quem chama de 'pai', Pedro Cunha, de 25 anos, bem que tentou se sacrificar. A lesão ocorreu durante um treino, pouco antes do Aberto da Croácia. Pedro voltou ao Brasil, realizou um tratamento parcial e retornou à Europa mesmo não estando 100% fisicamente. O resultado acabou sendo desastroso. Franco e Pedro Cunha não passaram da modesta 17ª colocação no Grand Slam de Berlim, na Alemanha, e viram Ricardo-Emanuel conquistarem o título e confirmar a primeira das duas vagas do Brasil nos Jogos.

Apesar da classificação ruim, Pedro estava disposto a seguir jogando. "Por mim, disputaria o Grand Slam de Paris e só depois voltaria ao Brasil para terminar o tratamento. Óbvio que estava sentindo algumas dores, mas queria jogar", afirmou. Franco não concordou: "Seria uma grande besteira. Comprometeria a carreira dele. É melhor ele voltar e fazer o tratamento corretamente. Vai ser muito melhor para o futuro dele".

Franco e Pedro Cunha eram os terceiros colocados na corrida pela segunda vaga do Brasil nos Jogos. Atrás de Ricardo e Emanuel, que já carimbaram o passaporte, está Márcio-Fábio Luiz com 5.740 pontos. A dupla campeã mundial de 2005 é seguida de perto por Pedro Solberg-Harley, que tem 4.560. Franco e Cunha vinham logo atrás, com 4.200.

A corrida olímpica leva em consideração os oito melhores resultados obtidos no circuito mundial por cada parceria no período entre janeiro de 2007 e 20 de julho deste ano, data da final do Aberto da França, em Marselha. Até lá, três mil pontos ainda estão em jogo.

Caso conseguisse superar os rivais, Franco disputaria ao lado de Cunha sua segunda Olimpíada. A primeira foi Atlanta-96, com Roberto Lopes. Os dois chegaram aos Estados Unidos como favoritos, mas não conseguiram alcançar o pódio. Em 2000, o cearense estava perto de uma das vagas ao lado de Harley quando trocou de parceria. Deixou o brasiliense para atuar com Tande, que estava migrando da quadra para as areias.

Mesmo aos 41 anos, entretanto, Franco garante que tentará disputar uma vaga nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. "Isso (a idade) não é problema para mim. Basta ver meu histórico. Nunca deixei de jogar um torneio por lesão. Sei que não sou mais um garoto, mas estou me sentindo muito bem e meu corpo está ótimo", disse o jogador que, caso consiga cumprir a meta, estará com 45 anos na disputa inglesa.

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