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10/06/2008 - 13h39

Marílson descarta 10.000 m para ir ao pódio olímpico na maratona

Fernando Narazaki
Em São Paulo
Ele é o único brasileiro com índice nos 10.000 m rasos, mas Marílson Gomes dos Santos repetiu o gesto do nadador Thiago Pereira e descartou participar de uma prova nas Olimpíadas de Pequim, mesmo com o índice olímpico para o evento na pista.

AP
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Marílson obteve a marca exigida há duas semanas, quando fez 27min35s05 no Meeting de Neerpelt, na Bélgica. O tempo satisfez o fundista, mas não o suficiente para fazer com que ele pensasse em competir no evento em Pequim. O brasileiro quer mesmo priorizar a maratona, onde considera ter reais chances de ir ao pódio.

"Foi uma boa marca nos 10.000 m rasos, mas só. Não tenho qualquer chance na prova nas Olimpíadas e não vou competir. São preparações diferentes. A prioridade minha é a maratona, já vinha buscando isso desde 2004 e é um sonho que tenho para concretizar", afirmou Marílson nesta terça-feira durante evento de um de seus patrocinadores em São Paulo

O brasileiro admite que está muito distante da elite na pista. Para ele, a prova em 10.000 m serve apenas como um treino para a maratona. A melhor marca de Marílson nos 10.000 m é de 27min28s12, obtido em 2007, tempo que sequer estaria entre os 25 melhores resultados de 2008. Para se ter uma idéia, o recorde mundial da prova é de 26min17s53 do etíope Kenenisa Bekele.

"A intenção é usar apenas os 10.000 m como uma preparação. O Marílson só vai para a prova se realmente estiver muito bem, sem qualquer preocupação de tempo. Mas isso não deve acontecer", explicou o técnico do atleta, Adauto Domingues. Em seguida, porém, o próprio Marílson descartou participar da prova.

"Quero me concentrar na maratona. É uma prova que posso surpreender os favoritos e sei que estou no mesmo nível deles", definiu. Na maratona, Marílson foi campeão em Nova York, uma das provas mais tradicionais do mundo, em 2006, além de ser sétimo colocado no Mundial de Meia-Maratona, realizado no ano passado, na cidade de Údine.

Em Pequim, o brasileiro ainda não terá a concorrência do etíope Haile Gebrselassie, atual recordista mundial da prova, e do queniano Paul Tergat, um dos maiores nomes da maratona. O primeiro desistiu de competir em virtude da poluição na capital chinesa, enquanto Tergat não foi bem na seletiva nacional.

Marílson, entretanto, descarta que a ausência da dupla tornará sua missão mais fácil. "O Quênia terá os seus três melhores no momento, a Etiópia também vem forte. E muitas vezes também o vencedor nem sempre vem da África. Será muito do dia e espero estar com sorte", analisou.

O brasileiro deve embarcar no início de julho para se preparar para as Olimpíadas. Para isso, ele treinará na altitude. "Ainda preciso ver onde vou ficar, se na Colômbia ou na Espanha", disse. Para ele, o treinamento também será vital para saber lidar com a poluição. "A captação de oxigênio diminui, você sente fadiga e é muito difícil. É como correr na altitude e por isso quero me preparar lá", justificou.

Antes de Pequim, Marílson ainda deve disputar duas provas, incluindo uma meia-maratona, e deve chegar com 21 dias de antecedência na China para se adaptar ao fuso horário.

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