A seleção de judô do Brasil está testando nesta semana um sistema para melhorar a respiração dos atletas durante o combate. A cada luta simulada no ginásio de judô do Ibirapuera, judocas descansam respirando pela boca em um aparelho vermelho, com os narizes tampados. Se der certo, o equipamento pode ser usado nos Jogos de Pequim.

A cena é inusitada, já que o aparelho dificulta a respiração dos atletas em um período de recuperação de esforço físico. O objetivo, porém, é estimular os músculos usados na respiração, já que o sistema faz o usuário fazer mais força para inspirar.

"Esse aparelho estimula músculos que não forçamos normalmente. Com ele, teoricamente, você força o atleta a respirar com mais força em momentos de descanso, e, durante a luta, sem resistência, ele aumentaria a oxigenação", diz o médico João Paulo Dubas, que estava coordenando a equipe no Ibirapuera.

A iniciativa não agradou aos atletas da seleção. Testado na terça-feira, o time feminino sentiu piora no desempenho. "Não sei se tem algo a ver, mas fiquei muito cansada no fim do treino. Então não sei se é o melhor para nós", disse a meio-médio (63 kg) Danielli Yuri.

O resultado dos testes será conhecido após análise do sangue dos atletas, que também foi coletado no local. Com a medição do nível de lactato, substância que indica fadiga muscular, os médicos saberão se o aparelho pode aumentar a resistência dos judocas. "Se der certo, vamos propor para que os atletas utilizem o recurso em Pequim", afirma Dubas.

O teste é resultado de uma parceria do Comitê Olímpico Brasileiro com a Unifesp, de São Paulo. Além do judô, as seleções de pentatlo e handebol também estão no programa.

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