UOL Olimpíadas 2008 Notícias

14/05/2008 - 09h03

Judô francês vem ao Brasil para copiar "jiu-jitsu" nacional

Bruno Doro e Rodrigo Farah
Em São Paulo
A luta no solo dos brasileiros é referência no judô mundial. Prova disso é a presença da seleção masculina da França, uma das mais fortes do planeta, em São Paulo para aprender alguns desses segredos. Em São Paulo até o fim de semana, os franceses pediram à comissão técnica do Brasil prioridade para as lutas no chão durante os trabalhos no ginásio do Ibirapuera.

Washington Alves/Light Press
Campeão mundial no Rio, o pesado Riner está aproveitando os treinamentos no país
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JUDÔ QUER RESPIRAR MELHOR
PERFIL DE TODA A EQUIPE OLÍMPICA
Desde terça-feira, os franceses fazem trabalhos diários de "newaza", as técnicas de solo, com integrantes das seleções brasileiras. O treino de judô mais parece preparação de lutadores de jiu-jitsu, uma das artes marciais que deu origem ao judô e que tem uma vertente brasileira, criada pelo clã Gracie.

Atual campeão mundial da categoria pesado, Teddy Riner é um dos que mais estão aproveitando os treinamentos. Segundo o gigante de mais de dois metros e apenas 19 anos, porém, os atletas da França ainda estão longe do nível de luta dos brasileiros.

"Eles realizam uma disputa muito dinâmica quando estão no chão, diferente de nós. São muito rápidos e isso conta bastante, pois na luta você não tem muito tempo para agir no solo", diz Riner.

Ao longo do treinamento de terça-feira, os treinos no chão foram alternados com lutas em pé. Alguns atletas praticantes do jiu-jitsu foram chamados para treinar com os franceses no solo, para aumentar o nível do treinamento.

Para o técnico da seleção masculina, Luiz Shinohara, a presença dos europeus também aumenta o nível da preparação dos brasileiros para os Jogos de Pequim. "Os europeus estão evoluindo sempre e mostram isso quando treinam aqui", declarou.

Para a atleta da seleção júnior Camila Minakawa, o intercâmbio com os franceses é importante porque eles lutam de maneira diferente da que está acostumada. "Eles são mais parados no solo e usam mais a força, o que acaba atrapalhando um pouco".

A mudança na rotina de treinamentos não agradou a todos os judocas do Brasil. O leve Leandro Guilheiro admitiu que não gosta deste tipo de luta e por isso gostaria de focar os trabalhos no "tachi waza", a luta em pé.

"O Brasil se tornou uma referência no chão, principalmente pelas lutas do Flávio Canto, que é especialista nisso. Mas quando vamos lá fora, não pedimos para ninguém mudar o treino para satisfazer as nossas necessidades", ponderou o medalhista de bronze na Olimpíada de Atenas, em 2004.

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