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12/05/2008 - 16h35

Rebeca prioriza 50 m livre e espera recuperar carro

Cláudia Andrade
Em Brasília
À espera de uma definição da Federação Internacional de Natação (Fina), a nadadora Rebeca Gusmão anunciou nesta segunda-feira que disputará apenas os 50 m livre nas Olimpíadas de Pequim, caso consiga a liberação da entidade máxima da modalidade.

Folha Imagem
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Rebeca tem índice olímpico para os 100 m livre e também poderia integrar o revezamento 4 x 100 m livre, já que detém o melhor tempo do país na distância. Porém a atleta já anunciou que não disputará estas provas, se for considerada inocente pela Fina das acusações de doping.

"Abri mão do revezamento e dos 100 m livre para me dedicar só aos 50 m. É uma prova que exige muito e que precisa de um trabalho específico em partes mais técnicas ", adiantou Rebeca, durante entrevista concedida nesta tarde de segunda-feira, em Brasília.

A nadadora revelou ter ficado magoada com recentes declarações, mas que não impedirá o sonho olímpico de outras atletas. "No revezamento, vou abrir mão dando chance de outras meninas nadarem esta prova. Apesar dos comentários que foram feitos por alguns atletas, eu torço para a equipe", comentou.

No momento, o Brasil tem o 14º melhor tempo, com 3min43s16, obtido no Troféu Maria Lenk, nesse domingo, e precisa ficar entre os 16 melhores para ir a Pequim. Com a saída de Rebeca, o time deve ser formado por Flávia Delaroli, Tatiana Lemos, Michelle Lenhardt e Monique Ferreira, sendo que apenas a primeira tem vaga em prova individual.

Enquanto aguarda o julgamento do caso na Fina, a nadadora adiantou que deve fazer sua preparação nos EUA. "Quero montar uma equipe multidisciplinar para fazer este trabalho e, para isso, eu conto com a recuperação de alguns patrocínios que perdi recentemente", definiu.

Rebeca disse que a natação não a "deixou rica", que sempre investiu o que ganhou em seu treinamento e que está tendo muitas despesas por conta do processo. "Tive muitos gastos com o processo na Suíça, o envio de contraprova para o Canadá e precisei até vender o carro no fim do ano, mas tenho certeza que vou recuperar tudo", desabafou.

A nadadora ainda aguarda o julgamento da Fina sobre a acusação de doping em teste realizado no dia 13 de julho, dia da abertura dos Jogos Pan-Americanos. Na competição, ela levou o ouro e alcançou o índice olímpico nos 50 m livre e nos 100 m livre, mas os resultados foram cassados pela Organização Desportiva Pan-Americana. Se for absolvida pela Federação Internacional, ela deve recuperar as medalhas e os índices que a colocariam em Pequim. "Quem tem autoridade sobre meus exames é a Fina, não a Odepa", ponderou.

Boa forma
A atleta disse que continua treinando seis horas por dia para as Olimpíadas e ressaltou que "em nenhum momento perdeu as esperanças." Rebeca também voltou a falar sobre a diferença de sua estrutura corporal em comparação à de outras atletas. "As pessoas julgam muito pela aparência. Meu biótipo chama a atenção no Brasil, mas lá fora, eu sou só mais uma nadadora forte. As pessoas não me conhecem, não conhecem meu treinamento. Eu não consegui este corpo do ano passado para cá; são 12 anos de trabalho".

Segundo ela, a questão só ganhou proporção porque o Pan foi realizado no Brasil. "Se comparar com uma foto minha com 14, 15 anos, é claro que eu mudei, é óbvio. As pessoas são estúpidas de achar que alguém de 16 anos não vai mudar com o passar do tempo."

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