Emocionada e confiante em sua vitória no processo de acusação de doping, a nadadora Rebeca Gusmão prometeu nesta segunda-feira que, se competir nas Olimpíadas, voltará com uma medalha de Pequim.



"Vou para Pequim trazer esta medalha. Vou querer chegar primeiro do outro lado mais do que qualquer outra nadadora, ninguém vai estar mais forte psicologicamente do que eu", prometeu a nadadora, em entrevista coletiva concedida nesta tarde em Brasília.

A nadadora se emocionou na entrevista e chegou a chorar, quando questionada sobre as razões que ainda mantinham motivadas nas últimas semanas para treinar. "Quando caio na piscina, só consigo pensar em Pequim. Sempre tive o apoio do meu marido, dos meus pais, da minha comissão técnica e dos meus fãs. Nunca ninguém na rua veio me dizer que eu era uma vergonha", lembrou.

Com lágrimas nos olhos, Rebeca afirmou que vem sendo bem recepcionada pela população. "As pessoas me dizem 'obrigada por tudo que você fez por este país, sei que você é inocente'. Essa é minha motivação. Não vou deixar ninguém tirar isso de mim", desabafou.

Ela lembrou, contudo, que "muitas pessoas a julgaram" e afirmou que "uma medalha seria a melhor resposta para essas pessoas."

Porém, para viabilizar o sonho olímpico, Rebeca terá de aguardar o desfecho de seu processo na Federação Internacional de Natação (Fina). Na última sexta-feira, a Corte Arbitral do Esporte (CAS) considerou não ter jurisdição suficiente para analisar o caso e o repassou à entidade que rege a modalidade.

O advogado de Rebeca, Breno Tannuri, adiantou que ainda não há uma previsão para o julgamento. "Tenho certeza de que ela vai ser absolvida. Mas mesmo se a Fina condenar, posso entrar com recurso no CAS, pedindo urgência", explicou. O advogado prevê que a Federação Internacional se manifeste dentro de duas semanas.

Tannuri reconheceu que a morosidade da Justiça desportiva pode ser desfavorável à atleta, mas demonstrou confiança ao contabilizar o prazo disponível até os Jogos Olímpicos de Pequim, que começam em agosto. "Até duas horas antes de cair na piscina, ainda temos tempo", afirmou Tannuri, que acompanhou Rebeca durante a coletiva.

Em virtude de todo imbróglio que vem enfrentando, a nadadora confia que tem condições de obter uma inédita medalha para a natação feminina nos Jogos Olímpicos. "A Fina reconhece todos os meus tempos; eles estão nos rankings. E ninguém vai desacatar uma ordem da Fina", comentou.

Desta forma, a atleta e seu advogado crêem que uma absolvição da Fina anularia a decisão da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana), que puniu a nadadora porque seu exame teria indicado DNAs diferentes. A organização também apontou fraude nos testes antidoping realizados e cassou as medalhas e os tempos obtidos por Rebeca.

O advogado da nadadora contesta a versão dos DNAs diferentes. "Este é um dos casos mais absurdos que eu já vi na história do direito esportivo. Desafio alguém a me trazer uma decisão condenando a atleta no caso da Odepa. A Rebeca não foi condenada", ressaltou Tannuri.

A suspensão provisória imposta à nadadora em 2 de novembro do ano passado, pela Fina, tem como base o resultado de um exame antidoping realizado no dia 13 de julho do mesmo ano, que apontou níveis elevados de testosterona. O teste foi aplicado fora de competição, no dia da cerimônia de abertura do Pan do Rio.

Nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, a atleta conquistou a medalha de ouro e alcançou o índice olímpico nos 50 m livre, com 25s05. Repetiu o feito nos 100 m livre, com 55s17, e ajudou dois quartetos femininos: o 4 x 100 m livre, que levou a medalha de prata, e o 4 x 100 m medley, que ficou com o bronze.

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