Após protagonizarem a melhor disputa da seletiva olímpica da natação, os nadadores do estilo peito comemoram o fim do rótulo negativo dentro da equipe olímpica, comprovado com a classificação de três nadadores às Olimpíadas.
"O nado peito era o nosso tendão de Aquiles. Mas depois do que vimos aqui, acho que não precisamos mais nos preocupar", confirmou o coordenador-técnico da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), Ricardo De Moura.
Na única prova que contou com quatro nadadores com índice olímpico A, os 100 m peito masculino, Felipe França confirmou a segunda vaga ao lado de Henrique Barbosa, que até então era a única aposta na distância.
Entre as mulheres, Tatiane Sakemi, apesar de não ter alcançado a marca individual, elevou a três o número de peitistas ao integrar a equipe do 4 x 100 m medley que aguarda a classificação olímpica. Thiago Pereira também tem o índice para os 200 m peito, mas não nadará a prova.
Tanto Sakemi e França, e até Barbosa, quando está no Brasil (mora nos EUA, e é treinado pelo técnico Alberto Silva, do Pinheiros e da seleção), são acompanhados por Arilson Soares, responsável pelo nado no Clube Pinheiros, em São Paulo. O técnico, que há três anos separou o estilo dos demais para especializar o trabalho de seus nadadores, teve seu momento de consagração no Troféu Maria Lenk.
"Essa classificação é um momento histórico, ainda mais para o Felipe, que é dedicação pura", diz Soares sobre o nadador que até engana os desconhecidos, pelo porte físico avantajado e até destoante dos demais nadadores. "Se ele é forte hoje, imagine como era quando começou", brinca o técnico. "Tiramos ele da musculação, mas ele é naturalmente forte, e aprendeu a usar isso a seu favor."
Mais do que a satisfação de levar três atletas a Pequim, Soares comemora a perda do rótulo negativo do nado peito. "Afunda essa frase. Agora provamos que não estamos atrás dos outros."
Fora das Olimpíadas, o veterano Eduardo Fischer admite: "Tenho que tirar o chapéu para esses caras. Fico triste por não ir, mas feliz por ver que o nado está crescendo. Dominei o peito de 1998 a 2004, e agora é a vez deles. Com todo o mérito", elogiou o nadador.
Para França, a vaga é a consolidação do sonho de uma vida. "Vou comemorar isso pra sempre. Acho que tivemos no Rio a prova mais disputada da história", diz o novo olímpico.
Sakemi, que despontou na edição passada do mesmo Troféu com a quebra de um recorde brasileiro que perdurava desde 2000 com uma marca da ex-nadadora Patrícia Comini, nos 200 m peito, também comemora. "Entre as meninas, o nado também está crescendo, e uma menina está puxando a outra", diz ela, que tem como principal concorrente outra colega de clube, Carolina Mussi.