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09/05/2008 - 08h50

Técnico de Mariana Brochado sugere divã para recolocar musa na elite

Fernanda Brambilla
No Rio de Janeiro
Apesar do esforço na retomada aos treinos após a ausência nos Jogos Pan-Americanos do Rio, Mariana Brochado não conseguiu a classificação para as Olimpíadas de Pequim. Nas finais B dos 200 m e 400 m livres, a nadadora do Flamengo não escondeu a decepção de não conseguir concretizar uma guinada.

Arquivo/CBDA
Há quatro anos, Mariana ia para Atenas e fazia estréia olímpica. Agora, tenta reagir.
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A solução agora, para seu técnico Marco Lamah, que a acompanha na Gávea, ultrapassa os limites do clube e a condição física. "Isso é coisa da cabeça dela. É claro que ela não pretendia nadar assim, e nem eu esperava, ela tinha condições de fazer melhor. Acho que é o caso de entrar um psicólogo na história, para ajudá-la de uma forma diferente da que eu ou os pais dela fazemos."

Ainda atordoada, Mariana quer pensar. "Preciso de uma mudança", diz, sem especificar. "Não tenho vontade de mudar do Flamengo ou deixar o Rio, comecei minha carreira aqui e é onde gostaria de terminá-la também."

O exemplo a ser seguido, bem lembra Lamah, está ao lado de Mariana, na seleção brasileira. "Joanna Maranhão mostrou que dá para dar a volta por cima. E isso depois de termos descoberto que a coisa era ainda mais difícil do que imaginávamos, muito mais complexa", argumenta o treinador sobre a recifense que revelou este ano ter sido vítima de abuso sexual de um ex-treinador.

Joanna foi finalista em Atenas e depois passou por uma crise de resultados que teve fim, após um longo acompanhamento psicológico, com a classificação para Pequim para a prova dos 400 m medley, na qual obteve o índice na última quarta-feira.

Mariana, por sua vez, tenta pensar a longo prazo. "Estou muito decepcionada. Não perdi um treino, mas pelo que eu nadei aqui, parece que não treinei nada. É a última seletiva, e eu queria muito conseguir, estava confiante em ajudar o revezamento 4 x 200 m mais uma vez, mas não deu", diz, com lágrimas nos olhos, em referência ao sétimo lugar que ajudou a conquistar em Atenas-2004. Mariana ainda não sabe, porém, onde mudar.

"É cedo pra dizer o que preciso fazer, nem eu sei. Antes pensava que em time que está ganhando não se mexe, mas agora não estou mais ganhando nada", desabafa.

Além da recifense, Mariana também tem o exemplo de superação de Fabíola Molina, que ficou fora do Pan-Americano de Santo Domingo-2003, perdeu um Mundial e uma Olimpíada. Hoje, Fabíola é recordista sul-americana dos 100 m costas e já tem seu índice.

"Lembro que 2003 foi um ano muito difícil pra mim, não tinha de onde tirar motivação. Felizmente, passou, meus tempos estão baixando e pude devolver as críticas até sobre a minha idade", recorda Fabíola, de 32 anos.

Mas mesmo aos 23, Mariana se conforta com o que considera inevitável na vida de qualquer atleta. "É nos momentos difíceis que se mostram os atletas de verdade. A superação tem que ser diária. Infelizmente, ficarei fora desse ciclo olímpico, mas sei que é apenas uma fase que levou a um efeito dominó. Mas tudo passa."

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