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24/03/2008 - 09h02

Recordes na piscina geram polêmica sobre maiô

Da Folhapress

Em São Paulo
As duas quebras do recorde mundial de Alain Bernard foram tão surpreendentes que desencadearam uma busca por explicações para os feitos do nadador. Por respostas para além da boa fase do atleta.

Na sexta-feira, o francês cravou 47s60 nos 100 m livre, na semifinal do Europeu. No sábado, conquistou a medalha de ouro e baixou a marca em 0s10.

Uma das teses para a performance do nadador, que tinha como melhor tempo 48s12, é reforçada por uma coincidência: nas dez quebras de recordes mundiais ocorridas neste ano, todos usavam o mesmo traje, o LZR Racer, da Speedo.

O diretor técnico da federação francesa, Claude Fauquet, foi um dos primeiros a reclamar atenção da federação internacional para o maiô. "Acho que isso merece um debate e tem de ser analisado por um comitê de ética", disse.

A seleção francesa é patrocinada pela fabricante de material esportivo Arena. Bernard tem acordo com a Speedo. O LZR Racer, lançado neste ano, foi aprovado pela federação internacional e será usado por boa parte dos nadadores que irão à Olimpíada de Pequim.

A Fina, entidade que comanda a natação mundial, no entanto, acena com uma nova discussão sobre o assunto após a coincidência entre os recordes.

O diretor executivo Cornel Marculescu afirmou que a federação irá questionar a fabricante sobre o material usado na confecção do traje e marcará encontro com dirigentes durante o Mundial em piscina curta de Manchester, em abril.

Ressaltou, no entanto, que a Fina já aprovou o maiô e que a empresa de material esportivo não está fazendo nada ilegal.

O LZR Racer não tem costuras e é feito de material que repele a água. Ajudaria na flutuabilidade, principal ponto a levantar polêmica. Ele custa cerca de US$ 800 e promete 5% menos atrito e 4% a mais de velocidade que o traje anterior.

Só o Australiano viu três recordes no fim de semana. Neste domingo, Sophie Edington fez 27s67 nos 50 m costas, superando o tempo da adolescente Emily Seebohm obtido no sábado.

Além dos nadadores que registraram recordes, um brasileiro também
atingiu feito histórico com o novo maiô.

César Cielo fez seu melhor tempo nos 100 m livre (48s49) _recorde sul-americano_ no GP do Missouri, em fevereiro, dentro do traje. Sua universidade é patrocinada pela marca.

Thiago Pereira, Nicholas Santos e Poliana Okimoto são alguns brasileiros que têm acesso ao maiô. Os dois primeiros já têm vaga na Olimpíada.

O Comitê Olímpico Brasileiro também possui acordo com a empresa fabricante do LZR Racer, que vestirá as equipes de esportes aquáticos na China.

"Dizer que o maiô fez isso é tirar o mérito do atleta. Há regras que regem a modalidade e estão sendo seguidas. A tecnologia está permitindo que os nadadores nadem mais rápido, e isso é excitante", disse o técnico australiano Alan Thompson.

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