Vídeos

Atualizada em 27.10.2016 18h36

Relatório da Wada aponta "várias falhas" no sistema antidoping da Rio-2016

Mark Runnacles/Getty Images
Sir Craig Reedie, presidente da Wada imagem: Mark Runnacles/Getty Images

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

Um relatório feito por uma comissão de observadores independentes divulgado nesta quinta-feira (27) pela Wada (Agência Mundial Antidoping) foi duro ao apontar "várias falhas logísticas" no sistema de coleta de amostras para exames antidoping durante os Jogos Olímpicos do Rio-2016.

Apesar de tecer comentários positivos sobre o processo - como o legado tecnológico deixado no Brasil no combate ao doping -, o texto lista uma série de problemas que dificultaram especialmente a realização de exames fora de competição nos atletas.

Entre os problemas listados estão: a falta de pessoal propriamente treinado no controle de doping; o planejamento inadequado das escalas dos funcionários; falta de manutenção nas estações de controle de doping; a falta de acesso dos fiscais de doping às áreas de imprensa; falta de equipamento nos centros de controle; problemas no transporte e comida insuficiente para os funcionários; e a falta de conhecimento sobre a localização dos atletas fora do período de competição.

“A principal reclamação que nos toca tem a ver com o acesso de estranhos na região em que era feito o antidoping. O atleta tem de sair da área de competição para o antidoping sem qualquer interferência, e em algumas das nossas venues esse caminho tinha bastante fluxo. Temos certeza de que não houve nenhuma interferência, mas esse foi o principal problema relativo ao comitê”, disse Mario Andrada, diretor de comunicação da Rio-2016, em entrevista ao UOL Esporte.

“A gente fez vários ajustes sobre isso, mas não era muito fácil resolver o problema. A gente evoluiu. Tem algumas coisas em megaeventos que são aprendizados. Na medida em que eles começaram a reclamar, a gente viu que isso teria potencial de interferir no exame e começou a corrigir”, completou.

O relatório também ressalta que alguns desses problemas foram causados por razões que fugiam ao controle da organização dos Jogos, sem apontar especificamente quais.

Entre as causas das falhas descritas, os especialistas da Wada elencaram: cortes de recursos que estavam reservados para o programa antidoping, o que poderia aumentar em até 30% o número de fiscais na competição; tensões entre o Rio-2016 e a ABCD (Agência Brasileira de Controle de Dopagem); trocas no comando do departamento antidoping do Rio-2016 um ano antes dos Jogos; e a falta de uma estratégia coordenada e unificada no comitê organizador.

“O Brasil viveu condições bastante específicas na relação com doping. A gente praticamente teve de construir o laboratório no último ano da preparação”, ponderou Andrada.

Topo