Com legado indefinido, Parque Olímpico é alugado para festival sertanejo
Vinicius KonchinskiDo UOL, no Rio de Janeiro
A Prefeitura do Rio de Janeiro já tentou por três vezes realizar a licitação da PPP (parceria público-privada) para administração do Parque Olímpico após a Rio-2016. Em todas as oportunidades, entretanto, acabou adiando a concorrência, que é decisiva para futuro da mais importante estrutura olímpica. Sem uma administradora e um legado definido para o Parque Olímpico, a prefeitura resolveu então alugar o espaço para um festival de música sertaneja.
No dia 13 de novembro, o parque receberá o Villa Mix Festival. O evento itinerante roda o país promovendo shows de duplas como Jorge e Mateus e de cantores como Wesley Safadão. No Rio, terá participação de Anitta, Thiaguinho e outros artistas.
O festival de música será a primeira vez que o espaço comum do Parque Olímpico será aberto ao público desde a Rio-2016. Nem prefeitura nem organizadores revelam quanto esperam que o aluguel do espaço renda aos cofres municipais. Cristiano Botinha, diretor da Zerotrês Marketing, organizadora da festa, disse que a edição carioca do Villa Mix caminha para ser um sucesso de público e renda.
“O Parque Olímpico é o lugar do momento. Muita gente que esteve na Olimpíada quer voltar. Quem não foi quer aproveitar a oportunidade”, afirmou Botinha, lembrando que 30 mil dos 60 mil ingressos disponibilizados para o festival foram vendidos só no primeiro dia de comercialização, 27 de setembro.
As entradas para o Villa Mix custam entre R$ 100 (meia-entrada para pista) a R$ 1.400 (camarote, com bebida inclusa).
No Parque Olímpico, o festival Vila Mix deve ocupar a área na qual, durante a Rio-2016, foi instalado um telão para que espectadores pudessem acompanhar competições do lado de fora das arenas. A organização do Villa Mix informou que ainda avalia se haverá atrações como roda gigante ou algum brinquedo disponível para o público. Até o momento, não há planos de qualquer instalação alusiva ao esporte.
Licitação emperrada
A Prefeitura do Rio já elaborou um plano para que a administração do Parque Olímpico seja feita por uma empresa após o fim da Rio-2016. O prefeito Eduardo Paes chegou a dizer que gostaria que futura gestora do espaço fosse definida antes do fim Jogos do Rio, o que não ocorreu.
A prefeitura marcou para o dia 4 de agosto, um dia antes do início da Olimpíada, a licitação do controle do Parque Olímpico. Por conta de questionamentos do TCM (Tribunal de Contas do Município) sobre o edital, a entrega das propostas de interessadas no negócio foi adiada.
A licitação, então, foi remarcada para o dia 26 do mesmo mês. A própria prefeitura a adiou pois decidiu rever alguns pontos da concorrência.
A licitação foi modificada e a entrega das propostas foi agendada para o dia 7. O TCM voltou a questionar o edital. Até que os novos questionamentos sejam sanados, não há uma previsão sobre quando a concorrência vai ocorrer.
A prefeitura informa que pretende concluir a concorrência ainda durante a gestão do prefeito Paes, que termina no final do ano. Se isso não ocorrer, é capaz que o plano de legado do parque acabe sendo remodelado pelo novo prefeito.
Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo, que disputam o segundo turno da eleição do Rio, já declararam que não estão satisfeitos com o planejamento municipal para as obras da Olimpíada. Freixo, aliás, defendeu que qualquer decisão sobre o futuro do Parque Olímpico seja tomada pelo novo prefeito.
“O correto seria aguardar o resultado do segundo turno para então organizar uma política de transição entre a atual gestão, a Câmara Municipal e o próximo prefeito”, declarou o candidato, ao UOL Esporte.
Procurado, Marcelo Crivella não se pronunciou sobre um possível adiamento da licitação da PPP do parque.