Nuzman é reeleito chefe do COB e chegará a 25 anos no poder
Rodrigo MattosDo UOL, no Rio de Janeiro
Candidato único em eleição realizada na manhã desta terça-feira no Rio de Janeiro, Carlos Arthur Nuzman foi reconduzido à presidência do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Será o seu sexto mandato à frente da entidade. Com isso completará 25 anos no poder em 2020, quando será realizado um novo pleito.
O atual mandatário recebeu 24 dos 34 votos possíveis. Cinco dirigentes não compareceram ao evento e outros quatro se abstiveram de votar. Dentre os ausentes estava o representante da Confederação Brasileira de Taekwondo, já que o presidente Carlos Fernandes está afastado por decisão judicial devido a uma investigação da Polícia Federal sobre suspeitas de desvio de verbas. Houve apenas um voto contrário à reeleição de Nuzman.
"Vamos ter muito trabalho pela frente. Nesses últimos sete anos enfrentamos crises políticas e econômicas. Mas não desistimos. Agora podemos retribuir a confiança do COI. Tivemos muitas conquistas dos atletas na nossa história", disse Nuzman, que ainda lembrou que assumiu em 1995 um COB com dificuldades financeiras. "Apagava as luzes para economizar".
Nuzman passará a ser o segundo presidente mais longevo da entidade, perdendo apenas para o major Sylvio de Magalhães Padilha, que comandou o órgão entre 1963 e 1990. Sua permanência no COB vai superar a de Ricardo Teixeira à frente da CBF. Ele comandou o futebol brasileiro por 23 anos até renunciar em 2012.
Em seu novo mandato, Nuzman terá como vice não mais André Richer, mas sim Paulo Wanderley Teixeira, atual mandatário da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) e que deixará o cargo até o fim do ano.
Wanderley já é tido como o homem a suceder Nuzman no comando da entidade. Existe a possibilidade de o presidente se licenciar do cargo para tentar a chefia da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa) em eleição que pode ocorrer em 2016 ou 2017. Neste caso, assume o vice.
Dentro do COB, Wanderley também poderá se fortalecer e organizar uma candidatura em 2020, quando Nuzman não poderá tentar uma reeleição. Medida Provisória assinada em 2013 pela presidente Dilma Rousseff incluiu alterações na Lei Pelé que impôs limite de duas reeleições a dirigentes de entidades esportivas como condição para continuar a receber verbas públicas.
Outra mudança na diretoria é a entrada de Alberto Guimarães como novo diretor executivo de esportes, em substituição a Marcus Vinicius Freire - que deixou a entidade após a Olimpíada do Rio-2016.
Assembleia tem homenagem a João Havalange
Antes do início da assembleia, foi respeitado um minuto de silêncio em homenagem a João Havelange, morto no dia 16 de agosto, durante a disputa dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Ele era membro nato do COB. Inclusive, participou da votação que elegeu Nuzman em eleições anteriores.
Próximos desafios
Em seu sexto mandato, o principal desafio de Nuzman na parte esportiva será fazer com que o Brasil mantenha ou supere em Tóquio-2020 o desempenho obtido na Olimpíada do Rio de Janeiro, quando quebrou o seu recorde de pódios. Foram 19 medalhas, sendo sete de ouro, seis de prata e seis de bronze.
"Não falo de potência olímpica. Sempre desautorizei quem fala. Hoje temos um patamar de medalhas muito diluído graças aos trabalhos das federações pelo mundo", afirmou Nuzman.
Na parte política, a democratização nas confederações e no próprio COB será o ponto principal a ser trabalhado.
Vitórias e críticas desde 1995
Presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) até 1995, Nuzman assumiu naquele mesmo ano a presidência do COB.
Desde então colecionou vitórias políticas e esportivas e também muitas críticas.
Na parte esportiva, o Brasil aumentou o leque de esportes nos quais costumava medalhar e consolidou carros-chefes como o judô, vela e vôlei. Apesar da melhor campanha da história na Olimpíada de 2016, a meta de ficar no top 10 do quadro de medalhas não foi atingida.
Nos bastidores, articulou e obteve a aprovação da Lei Piva, que repassa porcentagem da arrecadação de loterias federais para o COB e para o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Também foi o principal responsável pela candidatura bem sucedida do Rio de Janeiro aos Jogos Pan-Americanos de 2007 e da Olimpíada de 2016. Em ambos os casos, acumulou o cargo de presidente do Comitê Organizador.
A vitória para sediar a Olimpíada em 2016 aconteceu após derrota na tentativa de organizar os Jogos em 2012.
O acúmulo de cargos e o longo tempo no comando do COB já foram alvos de muitas críticas da pequena oposição existente.