Paraolímpicos terão renovação e medalhões Terezinha e Alan estão em xeque

Bruno Braz
Do UOL, no Rio de Janeiro
AP Photo/Emilio Morenatti
Terezinha Guilhermina terá 41 anos em Tóquio. Ideia do CPB é focar nos jovens no CT

Após obter o maior desempenho da história da Paraolimpíada na Rio-2016, o atletismo brasileiro passará por uma renovação e priorizará os jovens visando Tóquio, em 2020. Dentro deste processo, os medalhões Terezinha Guilhermina, de 37 anos, e Alan Fonteles, com problemas de peso, ainda terão seus casos analisados pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro.

Terminado os Jogos, a modalidade focará na mudança em definitivo para o centro de treinamento construído em São Paulo e que abrigará o atletismo e mais 14 esportes. Neste cenário, uma seletiva nomeará os atletas que integrarão o CT.

“Depois da grande onda dos Jogos, há uma diminuição dos investimentos. Nós temos a certeza de que a Caixa vai continuar com o CPB, embora não tenha um contrato assinado ainda. A partir deste aporte financeiro, vamos começar a estabelecer o planejamento, mas hoje o que queremos ter dentro do centro de treinamento é um planejamento já para Tóquio. Já acabou o Rio. Vamos começar a pensar quem são os jovens atletas que têm possibilidade. Ah, então vamos abandonar os atletas mais velhos? Não, não vamos abandonar, não é isso que a gente quer, mas hoje vamos dar um suporte maior aos atletas mais jovens”, declarou o coordenador técnico Ciro Winckler, que está deixando o cargo para assumir os projetos de alta performance do CT.

Embora tenha apenas 24 anos e seja campeão paraolímpico de Londres, derrotando Oscar Pistorius, o velocista Alan Fonteles terá seu caso analisado. Acima do peso após um ano sabático em 2014 e com resultados aquém do esperado na Rio 2016 – ganhou uma prata no revezamento 4x100 – ele fará parte da equipe somente se voltar a se enquadrar no perfil proposto pelo CPB.

“O Alan fez as opções dele durante o ciclo. E as opções dele tiveram custos financeiros e técnicos. Tentamos dar o máximo de suporte para ele conseguir retornar e, infelizmente, não conseguiu retornar porque o nível aumentou. Então, o que conversamos com o Alan foi o seguinte: ‘Alan, você quer contar com apoio até Tóquio? Você vai ter apoio, mas vai ter que voltar às nossas regras’. Ele optou por um ano sabático e perdeu inúmeros apoios do CPB. O CPB tem um sistema méritocrata. As regras estão aqui, se ele entrar dentro dessas regras, ele terá seu plano de benefícios. O que espero do Alan é que ele retorne”, declarou Ciro.

Já a avaliação de Terezinha foi positiva. Com uma prata no revezamento e um bronze nos 400 metros, ela ficou dentro das expectativas do comitê, apesar da desclassificação nos 100m e da queimada de largada nos 200m. Porém, como terá 41 anos na Paraolimpíada do Japão, também será outra com o caso a ser analisado.

“Não ficamos surpresos com os resultados da Terezinha, porque se você for pegar, ela é uma atleta que tem quase 38 anos e continua com resultados muito próximos dos resultados melhores dela. Ficamos surpresos somente com a queima nos 200 metros”, avaliou o dirigente.

Com tumor na cabeça, Verônica terá suporte

Daniel Zappe/MPIX/CPB

Um dos grandes talentos da nova geração, a velocista Verônica Hipólito, prata nos 100m e bronze nos 400m, terá todo o suporte necessário para tratar de seu novo tumor no cérebro. O CPB, inclusive, avalia a possibilidade de fazer um tratamento na atleta fora do país.

“A Verônica é protegida debaixo do braço. Acompanhamos no dia a dia e conversamos com todos os médicos. Estamos pensando em buscar tratamentos alternativos. E quando digo tratamento alternativo, falo em ciência mesmo. De repente fazer uma avaliação genética fora do Brasil para ver se tem algum tratamento”, disse Ciro.

De acordo com o coordenador, o tumor chegou a interferir no desempenho da brasileira na Rio 2016.

“Muita gente pensa: ‘Ah, a Verônica não ganhou medalha de ouro aqui’, mas o tumor dela já estava começando a interferir na performance. Então, vamos ter que intensificar o tratamento para que ela continue a evoluir. Mas a Verônica é nossa protegidinha. É um caso bastante especifico. Temos um médico que está com ela o tempo todo. Como ela tem muitos médicos, nós colocamos um para falar com todos. A Verônica é um caso bem especial”, declarou.

Atleta que entrou com processo terá relação ‘profissional’

Numa das grandes polêmicas da Paraolimpíada, a atleta Jerusa Santos entrou com uma liminar exigindo sua participação no revezamento 4x100. Ela possuía melhor tempo, mas acabou sendo descartada por opção técnica da equipe que ganhou prata. Segundo Ciro, a relação do comitê com ela continuará profissional.

“A Jerusa é ótima, tem excelentes resultados, mas o nosso trabalho é méritocrata. O revezamento que, infelizmente, bateu na trave, bateu na trave porque se treinou o revezamento. Ela se apresentou com uma lesão, fez um tratamento, não treinou o revezamento e a gente fez uma opção técnica. O relacionamento com ela continua sendo profissional. O atletismo não permite bem querer”, disse.