Governo anuncia extinção de órgão responsável por legado da Olimpíada
Vinicius KonchinskiDo UOL, no Rio de Janeiro
Um dia depois do encerramento dos Jogos Rio-2016, o ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, anunciou que a APO (Autoridade Pública Olímpica) será extinta. O órgão criado em 2010 para, entre outras coisas, planejar o legado da Olimpíada e Paraolimpíada deve ser liquidado até o final do ano, de acordo com Padilha.
"A APO será extinta", disse o ministro nesta segunda-feira (19), em entrevista coletiva concedida no Rio de Janeiro. "O legado será administrado pelo governo municipal, em primeiríssima instância, pelo governo estadual e por fim pelo governo federal."
Segundo Padilha, a data exata para a extinção da APO será definitiva pelo Conselho Público Olímpico, colegiado que reúne membros da prefeitura, Estado e União. O conselho é presidido pela empresária Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza. Padilha disse que ouviu da própria Luiza que a extinção da APO está programada para este ano.
Quando criada, a expectativa era que a APO funcionasse por cerca de dois anos após a Olimpíada. A lei que instituiu o órgão previu que ela fosse extinta até o final de 2018. Isso, contudo, não vai mais ocorrer.
Padilha explicou que, com o fim da Rio-2016, APO entrará num processo de encerramento de suas contas. O órgão é um consórcio público que reúne esforços e recursos dos três níveis de governo. Conta com servidores cedidos e alguns funcionários contratados temporariamente por conta dos Jogos Olímpicos.
Desde sua criação, a APO já consumiu mais de R$ 72 milhões para seu custeio. Apesar disso, teve suas atividades questionadas por alguns de seus financiadores, como o prefeito Eduardo Paes. Em 2013, Paes chegou a defender o fechamento da entidade já que não via função prática para ela na organização da Olimpíada.
Mesmo assim, foi a APO quem organizou e divulgou os gastos do Poder Público com a Rio-2016. A entidade administra a chamada Matriz de Responsabilidades dos Jogos, que lista todos os projetos considerados essenciais para a Olimpíada.
Ministro da Cultura na Autoridade Olímpica
Apesar do anúncio de fechamento da APO, o governo federal indicou o ministro da Cultura, Marcelo Calero, para assumir a presidência do órgão no final do mês passado. Hoje, a APO é presidida interinamente por Marcelo Pedroso.
Para assumir o cargo oficialmente, Calero precisa ser sabatinado pelo Senado Federal e ter seu nome aprovado pela Casa. Pedroso nunca passou por essa sabatina e, por isso, é considerado presidente interino da Autoridade Olímpica.
Padilha disse que o ministro deve acumular o cargo na Cultura com a chefia da APO. Segundo ele, a intenção do governo é ter um membro indicado pelo Presidência acompanhando o fechamento das contas da Autoridade Olímpica.