Brasileiro protesta por guia não receber medalha e guarda prata no bolso
Bruno BrazDo UOL, no Rio de Janeiro
A cerimônia de premiação neste sábado no Engenhão foi marcada por uma polêmica envolvendo o brasileiro Felipe Gomes. Após ficar em segundo lugar nos 400 metros da classe T11 (cego total), o velocista realizou um protesto no pódio pelo fato de seu guia substituto Wendel de Souza Silva não receber medalha também.
Visivelmente irritado, Felipe recebeu a prata e a guardou no bolso. Na zona mista, seguiu reclamando.
“Na verdade eu não fiquei chateado em ter ganho a prata, fiquei chateado pois acho que o Comitê Paraolímpico Internacional entendeu que eu corri sozinho. Por qual motivo o Wendel (guia) entrou comigo na final e na hora de ganhar a medalha só eu que ganho? Mas como assim? Eu não sou capaz de correr 10 metros sozinho, mas eles não entenderam assim. Não sei porque meu guia não ganhou a medalha. Fiquei extremamente chateado e guardei a medalha mesmo”, declarou.
Felipe Gomes substituiu seu guia para a final já que o oficial, Jonas Alexandre, sofreu uma lesão na coxa esquerda.
O curioso é que Felipe e Wendel nunca haviam treinado juntos e nem sequer se conheciam pessoalmente.
"A gente nunca teve contato nem pessoal e nem profissional. Foi da vontade de Deus. Deus tocou no coração do Felipe e do treinador dele e me escolheu. Em 48 horas, fechamos a parceria e fizemos a melhor marca dele. Então, saio daqui muito satisfeito. O Felipe já estava preparado", declarou Wendel.
Sobre a reação de Felipe Gomes, o guia se sensibilizou:
"Pelo fato dele ficar chateado, eu fico agradecido e contente, porque é sinal que ele me deu confiança e apoio. Ele ficou sentido por eu não receber a medalha diante de tantos brasileiros".
Os atletas lembraram que Ananias Shikongo, da Namíbia, trocou de guia na final dos 200 metros também e seu parceiro ganhou a medalha no pódio.