Brasil conquista ouro e bronze no salto em distância da Rio-2016

Bruno Braz
Do UOL, no Rio de Janeiro
Marcio Rodrigues/MPIX/CPB
Silvania Costa conquista a medalha de ouro no salto em distância

Depois de dois dias sem medalhas de ouro do Brasil nos Jogos Paraolímpicos, Silvânia Oliveira acabou com a pequena "seca" para o país e venceu a prova do salto em distância da classe T11 (cego total) nesta sexta-feira. A brasileira Lorena Spoladore também subiu ao pódio ao garantir o bronze.

"Primeiramente agradeço a Deus, a todos os brasileiros que ficaram ali torcendo, mandando energia positiva. Esse resultado é como se fosse o bolo, cada um deu o seu ingrediente e a gente fez a festa agora", declarou Silvânia.

A prova foi cercada de emoção. A liderança foi da marfinense Brigitte Diasso até o último salto de Silvânia Oliveira. Porém, a brasileira pulou para 4m98 e superou a marca de 4m89 da rival. Antes de sua última apresentação, Silvânia já tinha garantido ao menos a medalha de prata.

Durante a competição, a torcida no Engenhão apoiou muito as competidoras. A gritaria para Silvânia era tão grande que ela teve de pedir silêncio várias vezes ao público para ouvir seu treinador.

Lorena Spoladore, terceira colocada, conquistou o bronze com o salto de 4m71. Thalita Simplicio, a outra brasileira da prova, terminou apenas na quinta colocação com 4m54.

Irmãos de ouro

Silvânia é irmã de Ricardo de Oliveira, responsável pela primeira medalha de ouro do Brasil na Rio-2016 também no salto em distância classe T11. A atleta revelou ter ficado mais nervosa na prova do seu irmão do que na dela.

"Acho que quase infartei no salto do Ricardo (risos). Porque ali de fora eu não podia fazer nada, somente torcer. E na minha prova eu fui pra cima e disse: 'agora é tudo ou nada', declarou.

Tanto Silvânia quanto Ricardo nasceram com uma doença chamada "Stargardt", que vai regredindo a visão aos poucos até atingir 100%. Ostentando ouro em todas as competições que disputou desde que iniciou a carreira, a brasileira citou a filha e se emocionou ao lembrar das dificuldades que os dois passaram juntos.

"Comecei o atletismo pela minha filha (Letícia Gabriela, de 10 anos). Eu nunca tinha feito nada do tipo. Quando me convidaram para correr uma prova de 10 km, entrei pela premiação de R$ 300 porque precisava pagar o leiteiro para ela. Eu não tinha preparo físico e corri os 10 km, ganhando a premiação por ela. Eu precisava manter a minha casa, estava separada na época. Depois fui pegando embarque no Ricardo e foi indo,  estava pagando as contas. Nós viajávamos juntos, eu e meus dois irmãos para essas corridas. Dormíamos em rodoviária, dividimos pão, marmita.. Levávamos aquele suquinho, misturava com água... O nosso trabalho no esporte foi muito difícil. Chegar aqui foi dedicação pura. Hoje eu agradeço a todos, valeu a pena. A medalha foi fruto de tudo o que eu passei", declarou a atleta, que também campeã e recordista mundial e campeã parapanamericana.