Entenda por que os atletas paraolímpicos estão ouvindo as medalhas

Bruno Braz
Do UOL, no Rio de Janeiro
Alaor Filho/MPIX/CPB
Diogo Ualisson (esq.), que ganhou ouro no revezamento 4x100, tem baixa visão

Uma cena comum na Paraolimpíada tem sido ver os atletas balançando as medalhas perto do ouvido tentando escutá-las, mais especificamente os cegos. O gesto que já virou uma tradição tem explicação: o símbolo maior da premiação dos Jogos foi produzido com guizos para emitir barulho aos que não têm o poder da visão, além de braile para que eles possam entender o que está escrito na condecoração.

Integrante da classe T11 do atletismo, para cegos totais, o brasileiro Felipe Gomes ganhou uma prata nos 100 metros rasos e, em seguida, o ouro no revezamento 4x100. Sorridente, ele garantiu que há diferença.

“Com certeza este ouro aqui tem um barulho diferente, embora eu também tenha gostado do barulho da prata”, disse o velocista, que ainda tem chances de pódio nos 200m e nos 400m.

De fato, Felipe tem razão. Há uma diferenciação sonora entre as medalhas, e isto acontece por conta do número de guizos em cada uma. A de bronze, por exemplo, contém 16 esferas metálicas, a de prata, 20, e a de ouro, 28.

No total, foram fabricadas pela Casa da Moeda 2.642 medalhas paraolímpicas, sendo 877 ouros, 876 pratas e 889 bronzes.

Mais de 30% da prata e do bronze utilizados têm material reciclado, e o ouro é totalmente isento de mercúrio.

Esta é a primeira vez na história dos Jogos Paraolímpicos que as medalhas contém guizos.