Paraolimpíadas

Atletismo desbanca natação e vira carro-chefe do Brasil na Paraolimpíada

Alexandre Urch/MPIX/CPB
Petrucio Ferreira exibe orgulhoso sua medalha de ouro nos Jogos Paraolímpicos do Rio imagem: Alexandre Urch/MPIX/CPB

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

Faltando ainda três dias para o encerramento da Paraolimpíada, o atletismo brasileiro já atingiu seu maior número de pódios da história, superando as 21 medalhas de 84, em Nova York. A marca chega para desbancar a natação, que imperava como a maior medalhista, e torna a modalidade como o carro-chefe do país nos Jogos.

O projeto foi iniciado antes de Londres-2012. Por intermédio de incentivos privados e do governo de São Paulo, que criou bolsas com vencimentos de até cinco dígitos, foi elaborado um plano a longo prazo. Nestes moldes, o Comitê Paraolímpico Brasileiro e o clube BM&F, situado em São Caetano (SP), fecharam uma parceria onde concentraram a maioria dos atletas que disputam a Rio-2016 no centro de treinamento junto com metade dos olímpicos que estiveram nos Jogos.

“Temos uma carteira de programas no CPB. Temos o programa de alto rendimento, e dentro disso aí vamos ter a seleção principal e a de jovens. Na seleção principal, temos nossos medalhões: Terezinha Guilhermina, Lucas Prado, Felipe Gomes, Yohansson Nascimento... E temos a nossa seleção de jovens. Alguns destes jovens, por exemplo, que estão fazendo resultado aqui hoje, são um projeto a longo prazo que já estão vingando. Casos do Daniel Tavares (ouro nos 100m), Verônica Hipólito (prata nos 100m e bronze nos 400m)...”, explica o coordenador técnico de atletismo do CPB, Ciro Winckler.

Ano passado, o comitê brasileiro investiu na contratação do multicampeão e lenda do atletismo Michael Johnson. O americano trouxe sua equipe para dar suporte e acompanhou de perto os atletas visando a Rio-2016.

“Este era um outro programa onde identificamos os atletas de pista que tinham possibilidade de medalha e contratamos a equipe do Michael Johnson para dar consultoria aos treinadores e aos nossos atletas (Daniel Tavares e Verônica, por exemplo, estavam na consultoria). Se for colocar por preço/medalha, já está se pagando”, disse Ciro.

No centro de treinamento, os atletas têm a sua disposição fisiologistas, fisioterapeutas, médicos, preparadores físicos, massagistas e todo o suporte necessário para a evolução de desempenho.

“Dentro destes programas, temos nossas avaliações de controle. Temos controle médico, nutricional e de saúde em todas as variáveis para que a gente consiga levar estes atletas ao máximo de sua performance”, explicou o dirigente.

 

Com o suporte ofertado aos atletas paraolímpicos de alta performance hoje em dia, todos eles vivem apenas do esporte.

Projeto Tóquio já acontece na Rio-2016

O projeto voltado aos jovens deu resultados expressivos ao Brasil já na Rio-2016. Jovens na faixa dos 20 anos como Petrucio Ferreira, Daniel Tavares e Verônica Hipólito trouxeram medalhas ao país e deverão atingir o ápice em Tóquio, daqui a quatro anos.

“É uma geração muito forte. Isso que foi legal do trabalho do CPB. Ele focou no quinto lugar, mas também já focou em Tóquio. Já olhou para o futuro. Eu estou com bronze e prata, o Fábio Bordignon o e Matheus Evangelista ganharam prata, o Danielzinho quebrou o recorde mundial e ganhou ouro com 20 anos... Na arquibancada tinham dois ou três que já sabemos que vão chegar ano que vem muito fortes. Então, estamos pensando em Tóquio. Ainda temos muito a melhorar”, disse Verônica, de 20 anos.

Centro de treinamento

Divulgação
imagem: Divulgação

O avanço do atletismo deverá ser ainda maior nos Jogos de Tóquio, em 2020, e a expectativa é a de que venha acompanhado dos demais esportes paraolímpicos. Já inaugurado com as verbas da Lei Agnelo Piva e de investimentos públicos e privados, o centro de treinamento paraolímpico reunirá num só lugar 15 modalidades com alta infraestrutura em São Paulo.

“Com o CT, passamos a ter uma unificação. Começamos a colocar todas as coisas dentro do mesmo lugar, o que facilita. Barateia, óbvio, porque não precisamos ter 10 profissionais cada um em um lugar. Conseguimos concentrar todas as ações num lugar só e isso gera uma melhor relação custo/benefício”, disse Ciro.

Passarão a treinar no CT, além do atletismo, o basquete em cadeira de rodas, bocha, esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, futebol de 7, goalball, halterofilismo, judô, natação, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, triatlo e voleibol sentado.
 

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