Iraniano se intitula "mais forte do mundo" e promete levantar 300 kg hoje
Atende por Siamand Rahman a figura que se orgulha por trazer à Rio-2016 o título de “homem mais forte do mundo”. E ele vive em uma cadeira de rodas, por causa de uma má formação congênita nos membros inferiores, pesa 192 kg e promete fazer história na tarde desta quarta-feira, 14.
O iraniano Rahman nasceu há 28 anos em Oshnaviyeh, cidade próxima à tríplice fronteira entre Irã, Iraque e Turquia. É o atual campeão paraolímpico do levantamento de peso. Em Londres-2012, conquistou o ouro com 280 kg, mas seu corpo tinha 20 quilos a menos. Agora, pretende se consagrar com 300 quilos na barra, o que seria o novo recorde paraolímpico. “Estou treinando há mais de um ano e meio, estou preparado para levantar os 300 kg aqui na Rio-2016”, disse Rahman ao UOL Esporte, em entrevista na Vila dos Atletas, antes da abertura das Paraolimpíadas, por intermédio de um intérprete.
O halterofilista explicou que treina de cinco a seis vezes por semana, quatro a cinco horas por dia. “Levanto 19 toneladas todos os dias nos meus treinamentos”, gabou-se Rahman, com sua voz baixa e um leve sorriso orgulhoso.
Ele é um dos símbolos do esporte iraniano. Não só entre os paraolímpicos, mas também olímpico. Integrantes da delegação do Irã distribuem panfletos com informações sobre Siamand Rahman a quem visita o prédio em que os atletas estão hospedados na Vila.
O levantamento de peso é uma modalidade popular nos países do Oriente Médio. No Irã, especialmente, existe uma tradição olímpica. Dois dos três ouros que os iranianos conquistaram nas Olimpíadas-2016 vieram do levantamento de peso. Entre os paraolímpicos, a diferença entre halterofilismo e o levantamento de peso olímpico é que o atleta compete deitado e tem tem de suportar a barra com a pesagem que escolher.
Rahman foi duas vezes campeão asiático e campeão mundial em 2014, em Dubai. Sempre levantando pesos em quantidades absurdas. Foi o que lhe conferiu o título de “homem mais forte do mundo”. “Siamand é o mais forte do mundo, acabou virando um dos símbolos do esporte iraniano e do comitê paraolímpico. Ele está decidido a superar a barreira dos 300 quilos e a gente espera que isso aconteça”, disse Masoud Ashrafi, secretário-geral do Comitê Paraolímpico Iraniano.
A reportagem conversou com pessoas que trabalham no prédio no qual o Irã está hospedado na Vila e integrantes da delegação do país sobre Rahman. Uma delas disse que ele passa os dias com a rotina de dormir muito, se alimentar e treinar. Não é muito do time daqueles que gosta de socializar-se pela Vila. No Irã, ele cursa a faculdade de direito, deve concluí-la no próximo ano.
Apesar de seus 192 kg, Rahman garante que não é de extravasar na alimentação. “Estou passando por uma dieta balanceada. Mas as pessoas pensam sempre que eu como muito, mas não, não como muito. Aqui estou tentando comer alimentos que são mais próximos da culinária iraniana, que possuem carne moída, pedaços de frango, arroz. A forma de preparo é diferente e nunca vai ser como a nossa comida lá, mas a gente dá um jeito”.
E assim ele acredita que entrará para a história ao levantar 300 kg.