Guia brasileiro pego no doping ganha prata e desabafa: 'Não devo mais nada'
Bruno BrazDo UOL, no Rio de Janeiro
Uma sensação de alívio. Após ser pego no doping, o que custou o corte de sua atleta Thalita Simplício nos 200 metros da classe T11 (cego total), o guia Felipe Veloso entrou na pista do Engenhão nesta quarta-feira com sua companheira e conquistou a medalha de prata no revezamento 4x100 na Paraolimpíada. Feliz com o resultado, o brasileiro desabafou:
“Não devo mais nada. Foi minha primeira Paraolimpíada. A Thalita esteve ao meu lado todo o tempo, nunca me largou, nunca me deixou ficar triste e o resultado está aí: somos medalhas de prata. Vamos terminar o ano de cabeça erguida”, vibrou.
Felipe Veloso da Silva foi flagrado em exame antidoping feito em maio e suspenso por três meses. A substância encontrada foi o Tamoxifeno, um medicamento bloqueador de estrogênio e progesterona. Como o doping ocorreu no período em que Thalita obteve o índice paraolímpico para os 200m, ela teve que ser excluída da prova.
Mais aliviado, o guia explicou que tomava remédios para o combate da ginecomastia, que é o crescimento das mamas.
“Tenho ginecomastia e tenho acompanhamento médico. Tenho todos os laudos, sou acompanhado por um médico do esporte, por endocrinologista e, como sou atleta-guia, não preciso preencher certos documentos. Acabou sendo uma falha minha não dar entrada na documentação para informar o medicamento que eu tomava”, admitiu.
Felipe, no entanto, ressaltou que não agiu de má fé, interpretação que também foi dada por quem o julgou.
“Fui a julgamento dia 26 de julho no Rio com o IPC (comitê internacional), com o Wada (agência mundial de doping) e eles entenderam que não houve má fé, não tentei burlar as regras. Mas por eu ter sido pego no doping, precisava ter uma pena, e essa minha pena foi de três meses. Mas graças a Deus fui absolvido e hoje não devo mais nada”, comemorou.
Thalita, por sua vez, ressaltou a parceria no momento difícil:
“Ainda me pergunto até hoje. Não sei explicar o que houve. Foi muita turbulência, mas acho que conseguimos administrar isso muito bem”.