Filho de 'soldado da borracha' vai do seringal à medalha paraolímpica
Bruno BrazDo UOL, no Rio de Janeiro
4.717 km. Esta foi a distância percorrida por Edson Pinheiro até alcançar seu sonho. Nascido com a ajuda de uma parideira em um seringal nas profundezas de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, o brasileiro veio ao Rio de Janeiro e conquistou o bronze nos 100 metros rasos da classe T38 (paralisados cerebrais) na Paraolimpíada.
Filho de um seringueiro com uma dona de casa, Edson tem em sua origem, antes de se transformar num atleta de alta performance, o trabalho no campo.
“Eu vim do interior do Acre, bem distante, um lugar onde não se tem muita expectativa. Sempre fiz o trabalho braçal. Já capinei quintal, queimei tijolo... Não me arrependo de nada. Foi muito importante para eu chegar até aqui”, se recorda.
Aos 37 anos, o velocista não teve tempo de mostrar a reluzente medalha de bronze ao pai, mas se recorda com orgulho:
“Nasci no seringal. Meu pai faleceu tem seis anos. Era um ‘soldado da borracha’ aposentado. Trabalhava desde a Segunda Guerra Mundial. Tenho muito orgulho dele e de onde nós viemos. Nascemos bem no interior, era difícil para criação, mas meus pais souberam me educar, me dar uma boa índole e respeitar ao próximo”.
Edson Pinheiro é casado e tem dois filhos. Antes do bronze na Paraolimpíada, ele conquistou um tricampeonato parapan-americano e uma prata e dois bronzes em Mundiais.