Paraolimpíadas

Meta do Brasil na Paraolimpíada depende de salto inédito ou queda de rivais

Fernando Maia/CPB/MPIX
Andrew Parsons (de terno) recepciona os atletas paraolímpicos na Praça Mauá; meta do Brasil é obter pelo menos 30 pódios na Rio-2016 imagem: Fernando Maia/CPB/MPIX

Do UOL, em São Paulo

Uma ascensão inédita para o país na história dos Jogos Paraolímpicos ou a derrocada de alguns dos rivais mais tradicionais. Depende de um desses fatores a meta estabelecida pelo CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) para a Rio-2016. A entidade pretende incluir os donos da casa entre os cinco primeiros no quadro de medalhas orientado pelo número de ouros, mas precisa de uma conjunção como a que não foi atingida pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) nos Jogos Olímpicos deste ano – os anfitriões pretendiam figurar entre os dez primeiros no total de pódios, mas ficaram apenas com o 13º lugar.

A melhor colocação do Brasil na história das Paraolimpíadas foi um sétimo lugar em Londres-2012, ano em que o país amealhou 21 ouros, 14 pratas e oito bronzes. O quinto posto naquela edição foi da Austrália (32 ouros, 23 pratas e 30 bronzes), e os Estados Unidos ficaram em sexto (31 ouros, 29 pratas e 38 bronzes).

Para ultrapassar duas das maiores potências olímpicas, o Brasil teria de encontrar pelo menos mais 11 ouros em 2016. Na história dos Jogos Paraolímpicos, isso seria inédito para o país – o maior salto até hoje foi registrado entre 2000 e 2004, quando os sul-americanos passaram de seis para 14 idas ao topo do pódio.

A conta do CPB é que o quinto lugar deste ano ganhará algo em torno de 30 ouros, nove a mais do que o Brasil conquistou em 2012. Ainda assim, a ascensão seria inédita para o país.

Pensando nisso, o CPB monitora desde 2010 um grupo com pelo menos 40 potenciais medalhistas na Rio-2016. Essa turma é chamada internamente de “time de elite” e recebe mais atenção da entidade, o que quer dizer, na prática, acesso a patrocinadores e gratificações que podem chegar a R$ 40 mil.

A preparação do time para 2016 também foi turbinada por uma abertura de programas de incentivo federal. Em 2015, 1291 representantes paraolímpicos receberam Bolsa Atleta (total de R$ 18,6 milhões). Outros 95 foram contemplados com Bolsa Pódio (soma de R$ 15 milhões), e 60 conseguiram inclusão no Plano Brasil Medalhas (o valor específico desse grupo não foi divulgado).

Por fim, os atletas paraolímpicos do Brasil começaram a usar em 2016 um centro de treinamento construído no Parque Fontes do Ipiranga, em São Paulo. O aparato de 95 mil metros quadrados custou R$ 305 milhões (R$ 187 milhões de recursos federais e R$ 118 milhões do Estado, que cedeu o terreno) e é gerido com verba pública (a manutenção de R$ 30 milhões anuais advém de uma mudança na lei Agnelo/Piva).

Doping, guerra e desinteresse: como rivais podem ajudar o Brasil

O cuidado, o investimento e a base são apostas do CPB para alavancar o desempenho dos donos da casa, mas esse pode não ser o único caminho para o top 5 do quadro de medalhas. Também existe uma expectativa sobre a derrocada de países que superaram o Brasil em edições recentes.

É o caso da Rússia, que ficou com o oitavo posto em Pequim-2008 e com o segundo lugar em Londres-2012. Envolvido em um escândalo de doping, o país foi punido pelo CAS (Corte Arbitral do Esporte) e não poderá disputar as Paraolimpíadas Rio-2016.

A Rússia conquistou um total de 102 pódios em 2012 (36 ouros, 38 pratas e 28 bronzes). “É uma visão equivocada dizer que tirando um já subimos para sexto. Outros países vão conquistar essas medalhas também. Algumas medalhas de ouro vão exatamente para países que temos de ultrapassar. É uma rearrumação que só vamos conseguir entender no fim se vai contribuir ou não”, disse Andrew Parsons, presidente do CPB.

Entretanto, essa pode não ser a única mudança no quadro de medalhas em função da derrocada de um rival do Brasil. Dona do quarto lugar em 2012 (32 ouros, 24 pratas e 28 bronzes), a Ucrânia testará neste ano os efeitos da revolução que depôs em 2014 o presidente Viktor Yanukovytch. Os conflitos fizeram o país concentrar recursos que anteriormente eram destinados ao esporte e ainda impediram o uso da principal base nacional paraolímpica – o CT fica na Crimeia, região que declarou independência e foi anexada à Rússia.

A faixa entre o Brasil de 2012 e a meta do país para este ano também tem os Estados Unidos. Os norte-americanos são uma das maiores potências no esporte olímpico, mas nas últimas quatro edições de Paraolimpíadas estiveram apenas uma vez no top 3 do quadro de medalhas – em Pequim-2008, quando obtiveram a terceira posição.

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