Infraestrutura

COB está insatisfeito com resultado da natação e gestão da CBDA

Flávio Florido/Exemplus/COB
Esperança de medalha na Rio-2016, nadador Thiago Pereira saiu dos Jogos sem frequentar o pódio imagem: Flávio Florido/Exemplus/COB

Guilherme Costa e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

No discurso oficial, o COB (Comitê Olímpico do Brasil) evitou críticas à natação brasileira, uma das modalidades que mais recebe dinheiro e que acabou sem medalhas na piscina nos Jogos do Rio-2016. Mas, extraoficialmente, a entidade está insatisfeita com a gestão e com os resultados da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos).

A confederação recebeu R$ 44 milhões em 2015, sendo R$ 25 milhões dos Correios. Essa verba da estatal vai sofrer um corte considerável depois dos Jogos, mas ainda não se sabe o tamanho exato da redução. CBDA e COB negociam para tentar minimizar a diminuição de investimento.

Ao mesmo tempo, o COB entende a posição da estatal de cortar a verba, visto que é um contrato de mais de 20 anos - começou em 1993 - que resultou em nenhuma medalha na piscina em 2016. O único pódio da CBDA foi para Poliana Okimoto, bronze na maratona aquática. Antes, o Brasil se fiXava em alguns poucos nadadores de talento, como César Cielo, Thiago Pereira e Gustavo Borges.

Oficialmente, o comitê mantém um discurso de colaboração com a CBDA. "Toda a parte de planejamento da natação foi feita juntamente com a CBDA. É uma modalidade importante. Tem um número grande de contribuições para o Brasil. Chegou a oito finais, e nós temos que trazer análise qualitativa. A natação sempre dá grande contribuição ao Brasil"; afirmou a gerente do COB, Adriana Behar.

Com menos dinheiro, a CBDA vai fazer um corte drástico em seu quadro de funcionários e colaboradores. Muitos cumpriram aviso prévio durante os Jogos. As demissões atingirão praticamente todas as áreas da entidade, mas ainda não há uma estimativa de quantas pessoas serão dispensadas.

“Precisamos dar um alerta para as pessoas saberem que temos de sobreviver de acordo com as nossas receitas. Se os contratos terminam, temos de estar preparados. Mas, se as pessoas renovarem, pode ser outra coisa. Mas se todo mundo sinaliza, eu gostaria de estar avisado”, relatou Ricardo de Moura, diretor-executivo da CBDA. Ele será candidato a presidente da entidade na próxima eleição.

A diretoria do COB espera que o corte não afete a preparação dos atletas de maior potencial e seja concentrado em itens periféricos às competições. Assim, acredita que a preparação do próximo ciclo olímpico será preservada. Mas há também previsão de reduções em convênios do Ministério do Esporte.

Do seu lado, a CBDA está longe de estar satisfeita com o comitê olímpico. Durante a Olimpíada, extraoficialmente, a cúpula da entidade ficou irritada quando o COB repassou para ela a responsabilidade de cortar dois jogadores da seleção brasileira de polo aquático.

É nesse cenário, de corte de dinheiro, relação conflituosa e falta de resultados, que uma das principais modalidades olímpicas tentará se reerguer para os Jogos de Tóquio-2020 após o fracasso na Rio-2016.

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