Olimpíadas 2016

Sonho do Brasil, top 10 é clube restrito e com raros penetras "convidados"

Reuters
Ouro do vôlei foi a última medalha do Brasil nos Jogos do Rio imagem: Reuters

José Ricardo Leite

Do UOL, no Rio de Janeiro

Sonho não concretizado do Brasil nos Jogos em que foi sede, atingir o top 10 no quadro de medalhas é missão bem árdua. Se analisados os resultados das quatro Olimpíadas disputadas nas últimas duas décadas, tanto em número total de medalhas como só em ouros, cavar vaga na elite foi missão de sucesso para poucas nações.

A elite olímpica que se estabeleceu desde Atenas-2004 é formada por: Estados Unidos, China, Reino Unido, Rússia, Alemanha, Japão, França, Austrália, Itália e Coreia do Sul. No número total de medalhas, somente duas vezes uma dessas nações deixou o top 10 de lá para cá. Já em ouros, o número é menor ainda: uma única vez.

Número total de medalhas

O COB (Comitê Olímpico do Brasil) colocou como meta uma melhor colocação no quadro geral de quantidade de medalhas, em detrimento ao ranking por ouros. Nos Jogos do Rio, o Brasil ficou na 13ª colocação no quadro geral, junto com a Holanda, com 19 medalhas, três a menos do que o Canadá, o décimo.

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Os canadenses foram um dos raros penetras que conseguiram perfurar o estático grupo dos dez nas últimas edições de Jogos, com 22 medalhas, desbancando a Coreia do Sul (21), que tem vaga permanente ali e saiu pela primeira vez –apesar de ter ficado no top 10 entre ouros.

Desde os Jogos de Atenas, em 2004, houve apenas um outro caso que um dos 10 que sempre estão no topo deixaram seu lugar cativo: foi em Pequim, 2008, quando a Ucrânia teve 27 medalhas, duas a mais do que o Japão.

Cuba foi a última intrusa. A ilha caribenha esteve entre os dez primeiros nos três Jogos da década de 90, em Barcelona-92, Atlanta-96 e Sydney-2000. Na Olimpíada espanhola, os cubanos atingiram seu melhor desempenho na história, com uma quinta colocação. Já em 2000 foi oitava. Na edição da Austrália, era o Japão o país do top 10 de hoje quem ficou de fora e ainda entraria lá. Os japoneses tiveram um incrível salto de Sidney para Atenas: foram de 18 para 37 medalhas.

Número de ouros

Já se levar em conta o quadro de medalhas pelo número de ouros conquistados, o top 10 é o de sempre. Itália e Austrália foram os piores da elite em medalhas douradas, com oito cada um, ficando em nono e décimo, respectivamente.

Nessa contagem, o Brasil foi 13º colocado, com sete medalhas de ouros. Hungria e Holanda, com oito cada, ficaram acima (estiveram abaixo da Itália no número de pratas). Os húngaros foram, por sinal, os únicos que nas duas últimas décadas conseguiram adentrar ao top 10 em número de ouros.

Foi nos Jogos Olímpicos de Londres, quando ficaram em nono, com oito medalhas douradas. A nação do top 10 que perdeu lugar ali foi o Japão, que ficou em 11º, com sete.  

Ministério ignora meta e diz que medalha não é parâmetro

O ministro do Esporte, Leonardo Picciani, afirmou que a meta de colocar o Brasil entre os dez países com o maior número de medalhas nos Jogos Olímpicos de 2016 não era do governo. Apesar de o objetivo fazer parte do programa Brasil Medalha, lançado pelo governo federal logo após a Olimpíada de Londres, Picciani desconversou sobre a meta em entrevista concedida no último dia da Rio-2016. “A meta não era do Ministério. Não posso considerar descumprida uma meta que não era do Ministério", disse ele. "O Ministério está satisfeito, tivemos a melhor participação em Olimpíada.”

O Plano Brasil Medalhas foi lançado em setembro de 2012, pela presidente Dilma Rousseff junto ao então ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Picciani assumiu a pasta neste ano por indicação do presidente interino Michel Temer, que chegou ao poder após o afastamento de Dilma.

Na opinião do ministro Picciani, aliás, o número de medalhas não é o melhor parâmetro para a avaliação do desempenho de atletas brasileiros numa Olimpíada. Segundo ele, apesar de o Time Brasil já ter conquistado seu maior número pódio nesta edição dos Jogos, o que deve ser considerado é o número de finais que esportistas brasileiros disputaram na Rio-2016:  foram 50 finais na Rio-2016, contra 36 em Londres-2012

"A conquista de uma medalha depende de uma série de fatores, das peculiaridades do dia. Portanto, não podem ser as medalhas o padrão de avaliação de atuação de uma delegação”, salientou Picciani. 

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