Bernardinho ainda é dúvida, mas ouro mostra o futuro do Brasil no vôlei
Guilherme Costa, Gustavo Franceschini e Leandro CarneiroDo UOL, no Rio de Janeiro
Bernardinho não sabe se seguirá com a seleção, mas a seleção seguirá sem ele. A conclusão é do próprio técnico, que pediu algumas semanas de descanso para definir o futuro. Com o ouro olímpico, o Brasil dá rodagem a uma geração que passou seis anos em busca de um título redentor e abre caminho para um futuro vencedor na modalidade.
“Em 2004, a pressão era para confirmarmos o favoritismo. Nessa, a pressão era para se provar. Que não era ‘quase’, que não batia só na trave. Quando falo de segurança para seguir é porque eles têm essa condição. Não vão esquecer as lições aprendidas. Não vão dominar, porque ninguém vai. Vai ser um ciclo duríssimo, mas eles têm condições”, disse Bernardinho.
Antes de ganhar o ouro diante do Maracanãzinho lotado, o Brasil não vencia uma competição de peso desde 2010, quando ganhou o Mundial com Murilo como melhor jogador do mundo. Depois disso, a seleção foi vice nos Jogos Olímpicos de 2012, no Mundial de 2014 e em quatro Ligas Mundiais. Conquistar o torneio mais importante de todos em casa, na visão de Bernardinho, afasta qualquer pecha e permite que os talentos do time possam jogar em seu potencial máximo.
Wallace, maior pontuador do Brasil em seis dos sete jogos, tem 29 anos e mais um ciclo olímpico. Lucarelli, uma espécie de aprendiz em 2012 e hoje um pilar da seleção, tem 24 e nem chegou ao auge ainda. Os dois maiores talentos devem ser liderados pelo capitão Bruninho, 30, que finalmente conseguiu o ouro que lhe escapou nas duas Olimpíadas anteriores. Ele não crava sobre o futuro, mas indica que irá junto com os demais a Tóquio em 2020.
“A gente já tem uma certa idade... Eu não sei, não quero pensar no amanhã, não posso pensar daqui quatro anos. Lógico que tenho essa vontade, representar meu país é o maior orgulho na minha vida. Hoje, realizei o maior sonho da minha vida, perto desse povo. Quem sabe? Seria incrível, vamos deixar para o tempo decidir”, disse Bruninho.
O trio será acompanhado por coadjuvantes já campeões como Lucão e Mauricio Borges e novatos como Isac, Thiago Brendle, Vacari, Douglas, Aracaju e Lucas Loh, que conviveram com o grupo na preparação para a Rio-2016. “Acredito que existe um trabalho sendo feito de renovação. A gente tem uma base para 2020. Acho que esse é o ponto principal. A gente conseguiu captar da geração passada e espero que essa próxima geração também possa fazer o mesmo, que é um legado desde 2001”, disse Bruninho, citando o ano de entrada de Bernardinho no comando do time.