Vôlei

Após duas pratas, seleção brasileira comemora fim da geração do "quase"

REUTERS/Dominic Ebenbichler
Lipe (à frente) e Wallace comemoram medalha de ouro em volta olímpica no Maracanãzinho imagem: REUTERS/Dominic Ebenbichler

Guilherme Costa, Gustavo Franceschini, Juliana Alencar e Leandro Carneiro

Do UOL, no Rio de Janeiro

Após duas pratas seguidas em Jogos Olímpicos, a seleção masculina de vôlei finalmente subiu um degrau a mais no pódio na Rio-2016. Com tanta comemoração, os atletas dedicaram a medalha de ouro até para quem não acreditava ser possível chegar à conquista e comemoraram o fim do "quase" de uma geração que havia batido na trave muitas vezes.

A primeira fase claudicante, com duas derrotas, resultou em uma decisão antecipada contra a França, valendo vaga nas quartas de final. Foi aí que apareceu a experiência de Serginho, que havia abandonado a seleção após Londres-2012, mas retornou após pedido de Bernardinho para acabar com o jejum que vivia esta geração. Quem explicou a importância do líbero foi Bruninho, levantador titular da equipe.

"Serginho é mais do que um amigo, é um irmão, exemplo para todos nós. Ele foi de suma importância para essa geração ao voltar. Ele trouxe não só experiência, mas a alma que ele coloca em cada partida e treinamento. Isso, de certa forma, agrega e deixa o clima cada vez melhor. As pessoas veem isso e seguem. O principal, o discurso mais tocante, foi contra a França, que ele falou que 'estava na UTI' e gostaria que nós fizéssemos isso por ele também. Que a gente pensasse nisso naquele momento para dar essa última glória para ele. Ele sempre disse que essa geração não ia morrer pagã. Não podia morrer sendo só uma geração do 'quase', tinha de ser um ouro", elogiou Bruninho.

“É, sem dúvida, o dia mais importante da minha vida. Conquistar meu maior sonho dentro de casa, perto dos meus familiares, dos meus amigos e do meu povo. A ficha ainda vai ter de cair aos poucos. Foi uma coisa indescritível. Em relação ao início, foi difícil, mas nós sabíamos que era o grupo da morte, tanto que os três do pódio vieram de lá. Sabíamos o quanto seria difícil classificar. Ficamos com a corda no pescoço contra a França, mas dúvida a gente nunca teve. A tensão de jogar uma partida de vida ou morte antes das quartas foi grande. A gente merecia chegar onde chegou”, completou Bruninho.

Wallace também fez questão de dizer que tudo começou a muda contra a França. "Começou naquele jogo decisivo. Até então ninguém acreditava na gente”, lembrou Wallace à ESPN. “Foram muitos comentários aleatórios, de que não passaríamos das quartas, da semi, que seria prata de novo. Então fica a dica aí para quem falou, vai ter que dormir com essa”, provocou o oposto, talvez o grande nome da campanha do Brasil.

A trajetória do vôlei brasileiro no ciclo olímpico passou por muitas finais, mas só conquistou um ouro desde Londres-2012: a Copa dos Campeões no Japão em 2013. Na Liga Mundial foram três pratas: Mar del Plata-2013, Florença-2014 e Cracóvia-2016. No Campeonato Mundial o vice-campeonato veio em 2014, e no Pan-Americano, em 2015.

Cinco finais perdidas antes do ouro olímpico fazem Lucarelli lavar a alma no Maracanãzinho. “É muito legal chegar em final, acho que ninguém chegou a tantas finais como nós, mas o povo brasileiro quer ganhar. E ainda bem que veio logo na Olimpíada”, comemora o ponteiro.

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