Norte-americanos torcem para a Sérvia em dia de hexacampeonato dos EUA
Fernanda SchimidtDo UOL, no Rio de Janeiro
Enquanto a seleção feminina de basquete dos Estados Unidos se preparava para iniciar o jogo que lhe renderia o sexto ouro olímpico e confirmaria a invencibilidade desde as Olimpíadas de Barcelona, em 1992, um trio de norte-americanos celebrava outra medalha, a de bronze, vencida pela Sérvia.
Uniformizados com a camiseta branca do time do leste europeu, Fred Page, 54, e seus filhos, Cliff, 12, e Brady, 10, comemoravam o grande momento olímpico da família. Danielle Page, filha mais velha de Fred, encerrava sua estreia olímpica no pódio, dois degraus abaixo das conterrâneas. “Realizei um sonho. Naquele momento, vendo a entrega da medalha, lembrei do dia em que ela nasceu, quando eu me perguntei: ‘o que será que essa garotinha vai fazer?’”, contou Fred em entrevista ao UOL Esporte após a cerimônia de premiação na noite deste sábado (20).
Danielle , 29, nasceu no Colorado, nos EUA, porém fez sua carreira como atleta de alto rendimento na Europa. No ano passado, naturalizou-se sérvia para poder defender a seleção em torneios internacionais e nestes Jogos Olímpicos.
A família apoiou a decisão “vira-casaca” da ala. “Não tive dúvidas. Era um objetivo profissional dela, o sonho de jogar nas Olímpiadas. Nos sentimos honrados e extremamente agradecidos pela receptividade do povo sérvio”, afirmou Fred. O trio não só vestiu a camisa, como torceu para a seleção europeia ao longo de toda a competição, até quando elas perderam de 110 a 84 das norte-americanas na fase preliminar.
A Rio-2016 foi a oportunidade da família Page vivenciar a fama internacional de Danielle. Com a agenda atarefada dos meninos, eles ainda não conseguiram visitá-la e conhecer a Sérvia. Cliff joga basquete, e Brady prefere o beisebol, apesar de também dar uns arremessos. Eles tiveram sorte do calendário olímpico bater com as férias escolares, o que facilitou a vinda do trio. “Melhor verão da vida”, comemorou Cliff, que retorna com o pai e o irmão mais novo para Virgínia na segunda-feira, e reinicia as aulas em poucos dias. Em casa, a madrasta de Danielle e mãe dos meninos, Diana, aguardo o retorno da trupe ao lado da caçula Delainey, de apenas 9 meses.
Apesar da torcida contra, os três reconhecem a importância da seleção norte-americana e o talento de suas jogadoras. “Fico feliz de ver um time tão bom. Elas são a versão feminina do Dream Team de 92!”, afirmou Fred, que trabalha como técnico em diferentes modalidades.
A experiência na cidade, disseram, foi totalmente positiva. “Estamos muito felizes por vocês e pelo país. O mundo só ouviu coisas ruins sobre o Rio antes das Olimpíadas. Mas não tivemos qualquer problema. Foi fenomenal!”, disse Fred. Ele e os filhos aproveitaram para ver o maior número de eventos e investir em atividades ao ar livre. “Gostaríamos de ficar aqui para sempre”, brincou Fred.