Empreendedores belgas criam canoa dobrável para revolucionar modalidade

Enrique Anarte
Da EFE
Reprodução
Modelo ONAK de canoa desenvolvido por Otto Van de Steene e Thomas Weyn

Os praticantes de canoagem enfrentam dificuldades derivadas do próprio sentido deste esporte: dispor de um veículo para transportar a canoa e de um lugar para guardá-la, problemas que dois empreendedores belgas solucionaram com uma versão dobrável.

Do obstáculo surge a inovação e assim foi como os belgas Otto Van de Steene e Thomas Weyn, ambos residentes na cidade de Gent, resolveram desenvolver uma canoa dobrável, fácil de transportar e armazenar, mas ao mesmo tempo capaz de oferecer condições de navegação similares ou melhores do que as de uma fixa.

Van de Steene relatou à Agência Efe que ambos faziam canoagem há muito tempo, mas que não tinham carro para transportar a canoa e nem lugar para guardá-la. Foi então que, "por pura necessidade", começaram a desenhar uma embarcação "que pudesse ser usada rapidamente e que fosse boa para navegar, já que isto ainda não existia".

O resultado da tenacidade destes dois jovens, que chegaram a criar até 15 modelos antes de conseguir uma versão satisfatória, se chama ONAK, mede 465 centímetros de comprimento e 85 de largura e tem uma capacidade de entre 200 e 250 kg.

A grande vantagem é que pode se transformar em uma espécie de mala com rodas de apenas 17 quilogramas e dimensões de 40x120x25 centímetros, sendo muito mais fácil de transportar, seja a pé ou de carro, assim como de armazenar.

Weyn afirmou que o problema com as demais canoas dobráveis disponíveis no mercado é que ou são infláveis, "razão pela qual a aquadinâmica nunca pode ser boa", ou são de uma folha, o que faz com que perca energia sobre a água e, além disso, sejam difíceis de montar.

"Nossa canoa é feita de plástico duro, portanto tem todas as qualidades de uma canoa dura, mas fizemos com que haja pregas", explicou. "Para isso é preciso uma técnica especial que desenvolvemos", acrescentou.

Como indicou Weyn, engenheiro civil especializado em Física Aplicada, a canoa é feita de polipropileno, um polímero termoplástico, motivo pelo qual "é resistente aos talhos e navega com facilidade.

Para realizar o projeto, foram usados fundos públicos para a inovação do governo regional, financiamento privado e suas próprias economias.

A isso acrescentaram o arrecadado através de uma campanha de na plataforma "Kickstarter" que superou a meta inicial de 150 mil euros e alcançou 235,23 mil euros.

As canoas custam em torno de 1195 euros (cerca de R$ 4350).

Estes jovens empreendedores quiseram, além disso, ser originais na fase de comercialização do produto, na qual, além de recorrer às lojas nas quais são vendidas outras canoas, oferecem aos consumidores que adquiram um modelo de ONAK pela internet a possibilidade de obter ganho financeiro como "embaixadores".

"Temos um modelo diferente do que o oferecido em outras empresas, damos a oportunidade a cada cliente de ganhar tanto como ganharia uma loja que vendesse nossa canoa", contou Otto.

Cada canoa ONAK inclui um link que permite aos "embaixadores" que captem outros compradores ganhar 50 euros e até 200 euros se compartilharem "suas aventuras e eventos" em um perfil online.

Além disso, os novos clientes que adquirirem a canoa através deste método obtêm gratuitamente uma bolsa impermeável. A partir daí é gerada uma espécie de comunidade na internet em torno do produto e da empresa.

Van de Steene, que estudou design gráfico, revelou que já foram vendidas em só um mês 235 canoas, muitas delas no exterior e a maioria fora da Europa.

Seu projeto demonstrou que há "um enorme interesse" pela inovação, sobretudo levando em conta o mercado potencial ao qual ainda não chegaram.

Os dois empreendedores declararam que esperam consolidar seu negócio além das fronteiras da Bélgica, que ironicamente chamam de "o pior país para fazer canoagem", mas em cujos rios foi inventada uma canoa que revolucionará as condições nas quais se exerce esta modalidade.