Bruninho se compara a Neymar e diz que ouro redime "geração do quase"
Guilherme Costa, Gustavo Franceschini e Leandro CarneiroDo UOL, no Rio de Janeiro
Capitão da seleção brasileira, prata em Londres 2012 e alvo de muitos questionamentos. A definição poderia ser de Neymar, mas é de Bruninho. Os dois viveram cenários semelhantes e um desfecho igual na Olimpíada do Rio de Janeiro. Uma medalha de ouro no peito no Maracanã.
Os dois estiveram juntos na conquista do levantador. Foi em direção de Neymar e de alguns outros amigos que Bruninho foi quando a vitória por 3 a 0 sobre a Itália consolidou seu primeiro ouro. Perguntado sobre a sua relação com o atacante, o levantador se comparou a ele.
“A gente tinha isso aí engasgado. Ele com a prata de Londres, por toda a pressão que futebol brasileiro sente sempre. Jogador mais importante acaba sendo o mais visado. Por isso foi importante esse ouro, que foi uma redenção pra ele. Hoje, ele falou do quanto era importante pra mim também. Redenção é uma boa palavra, não só pra mim, mas toda essa geração que bateu na trave em Londres, foi tachado de time do quase. Na hora mais importante a gente ganhou. Isso demonstra que o esporte é assim mesmo. Tem de ser resiliente pra aguentar as pancadas da carreira e é uma grande redenção”, disse Bruninho, eleito o melhor levantador do torneio.
Essa comparação entre os dois também já havia sido falada por Bernardinho. Antes da final, o treinador disse que quando a seleção masculina entrou na Vila Olímpica, todos os reconheciam e isso gerou uma pressão parecida com a que Neymar tem diariamente.
Antes mesmo de ser prata em Londres, em 2012, Bruninho já convivia com pressões da torcida brasileira. O principal motivo foi sempre o fator dele ser o “filho do técnico”.
Bruninho foi procurar ajuda de especialista depois de deixar chorando a quadra há quatro anos. Iniciou um trabalho psicológico, de coach, para se tornar um líder melhor. Aprender a lidar maior com as frustrações e virar a chave mais rápido em momentos negativos. Assim, se provou um líder do grupo que conquistou o ouro.
A discussão sobre atitude é especialmente importante, no caso de Bruninho, porque o levantador é capitão da seleção comandada por Bernardinho. Antes daquela partida contra a França, por exemplo, foi ele o primeiro a conversar com o grupo e falar sobre a relevância de um resultado positivo – o Brasil havia perdido para Estados Unidos e Itália e corria risco de eliminação ainda na primeira fase da Rio-2016.
A Rio-2016 ratificou Bruninho como o líder que muitas pessoas questionavam anteriormente. Também mostrou que o levantador pode ser consistente e movimentar o ataque em diferentes rotações – o Brasil tinha jogadores nas Olimpíadas que dependiam de levantamentos em condições bem diferentes.
Com técnica e atitude, Bruninho sepultou na Rio-2016 a imagem que havia deixado em Londres-2012. Naquela época, depois de o levantador ter chorado no pódio, Bernardinho chegou a colocar em xeque a continuidade do trabalho com o filho.
“Isso é uma das coisas que eu vou ter de pensar, porque é difícil, principalmente para ele. É uma das coisas mais difíceis trabalhar com o filho, porque em alguns momentos eu sinto que algumas pessoas tentam me atingir por meio do Bruno. Eu acho injusto porque, como técnico, acho que o Bruno foi o melhor levantador das Olimpíadas”, avaliou o treinador na época.
Em 2016, Bruninho lembrou de seus ex-companheiros de seleção. Dedicou a medalha para Murilo, Sidão e outros que sofreram com ele em Londres.