Bruninho diz que "é hora de Bernardinho descansar" e dedica ouro a Murilo

Guilherme Costa, Gustavo Franceschini e Leandro Carneiro
Do UOL, no Rio de Janeiro

A seleção masculina de vôlei venceu o ouro olímpico há pouco no Maracanãzinho, mas a atenção já está voltada aos Jogos de Tóquio, em 2020. Bernardinho não sabe se continuará no comando da equipe no próximo ciclo, mas já ouve apelo do próprio filho para que tenha mais tempo para si.

“Ele tem de decidir por ele, está na hora de descansar um pouco mais. Essa loucura de fazer Rexona e seleção não dá”, opina Bruninho, referindo-se aos dois empregos de Bernardinho: no vôlei feminino do Rio de Janeiro Vôlei Clube e na seleção masculina.

“Falo como filho, tem uma idade em que é preciso aproveitar um pouco mais a vida e não ficar só trabalhando. Já deu demais para gente”, completa o levantador, campeão olímpico sob comando do pai na Rio-2016.

Ainda sem pensar no futuro, o treinador não quer antecipar sua decisão. “Sou plenamente substituível. Temos pessoas prontas para assumir, só talvez sem a experiência que eu tenho. Não estou dizendo que vou sair, preciso pensar”, despista Bernardinho, que quer dedicar mais tempo à família.

“Estou devendo muito para as outras pessoas. Tenho uma (filha) de seis e uma de 14 anos. Não vi a de seis nascer e estou perdendo algumas coisas da de 14 também”, explica o técnico, que descarta se afastar do esporte. “Eu não conseguiria largar o vôlei. O dia-a-dia me alimenta. Mas temos pessoas absolutamente prontas para assumir a sequência (da seleção)”, entende.

Ouro dedicado a Murilo

Cortado da seleção a dias da Olimpíada, Murilo Endres acabou ficando sem a medalha de ouro. Ele bateu na trave duas vezes, em Pequim-2008 e Londres-2012, mas não conseguiu estar entre os convocados para a Rio-2016. Apesar da ausência, o ponteiro foi homenageado pelos ex-companheiros de seleção, que levaram uma camisa sua com o número 8 ao pódio olímpico.

“É um momento da redenção. Conquistar o ouro olímpico em casa depois de tudo pelo que passamos... É o ouro do Bruno, do Wallace, do Murilo, Sidão, Lucão. Essa galera que merecia demais isso. É o dia da redenção depois de tanta bola na trave. Hoje, ela bateu e entrou”, celebra Bruninho, lembrando os atletas que perderam a final para a Rússia em Londres e viram o ouro escapar.