Brasil gasta R$ 3 bi, 50% a mais que Londres, e só consegue 2 pódios a mais
Guilherme Costa, Gustavo Franceschini e Bruno DoroDo UOL, no Rio de Janeiro
Para fazer bonito enquanto país-sede, o Brasil investiu como nunca em sua preparação esportiva. De acordo com um levantamento do UOL Esporte, foram pelo menos R$ 3,19 bilhões de verba pública em estrutura de instalações dos atletas, capacitação de profissionais, logística e salários de atletas ao longo do caminho até a Rio-2016, cerca de 50% a mais do que feito para Londres-2012. O resultado, porém, não acompanha a evolução. Na comparação com a última Olimpíada, o país deve terminar com apenas duas medalha a mais.
Encerrados os Jogos neste domingo, o Brasil subiu ao pódio 19 vezes, a última delas na conquista do ouro pela seleção masculina de vôlei.Em Londres, quando o Governo Federal colocou R$ 2,1 bilhões no esporte olímpico, foram 17 pódios.
Quanto custou preparar os nossos atletas
O levantamento inclui diversas fontes de recursos públicos. O Ministério do Esporte, com o plano Brasil Medalhas e convênios diretos com confederações, é o maior “patrocinador” da delegação. Foram R$ 702,53 milhões em estrutura de instalações para os atletas, R$ 223,18 milhões em logística e preparação e 272,4 milhões pelos programas Bolsa Atleta e Bolsa Pódio, que garantem salários mensais aos atletas.
O total dos investimentos da pasta é de R$ 1,19 bilhão, valor que considera toda a preparação para o atual ciclo olímpico e investimentos em infraestrutura que começaram a ser feitos em 2010, quando o Brasil soube que sediaria os Jogos. A Lei Piva, que destina dinheiro das loterias, distribuiu R$ 985,05 milhões; as estatais, com patrocínios diretos a confederações e atletas, somaram R$ 791,7 milhões; e as Forças Armadas, juntando salários e infraestrutura, aportaram R$ 217 milhões.
O valor tinha como objetivo melhorar o desempenho do Brasil e colocar o país no top 10 em número de medalhas. O sucesso foi parcial. Os resultados no Rio de Janeiro foram, de fato, os melhores em uma única Olimpíada. Foi, no entanto, bem menos do que se esperava para o país-sede, que deve terminar entre a décima quinta e décima primeira colocação em número absoluto de medalhas.
O país teve mais investimento que Alemanha
O investimento do Brasil é comparável ao de grandes potências. Antes do início da Rio-2016, a agência de notícias da TV alemã Deustche Welle se propôs a avaliar quanto custa um medalhista olímpico. Segundo ela, o país germânico debate como deve ser feito o investimento em esporte e estuda ampliar os 160 milhões de euros que distribui hoje em dia para seus atletas. Pela cotação atual, seriam o equivalente a R$ 581 milhões, valor que ainda diminuiria se a conversão fosse feita ao longo do ciclo olímpico e ignorasse a queda do valor do real no período. Com menos de um quinto do dinheiro do Brasil, os alemães chegaram a 41 medalhas, sendo 17 de ouro.
O aproveitamento é ainda pior na comparação com o Reino Unido, que viveu a condições de país-sede há quatro anos e hoje ocupa a terceira colocação geral do quadro em número total de medalhas, com 66 (27 de ouro). Segundo a DW, os britânicos investiram 440 milhões de euros ao longo do ciclo olímpico, ou R$ 1,5 bilhão, metade do que injetou o Brasil na área.
O aporte maciço de recursos públicos no esporte é uma política que data da década passada, desde o início do governo Lula. Em Pequim, por exemplo, R$ 1 bilhão entrou no setor, número que à época já era recorde. Para o Rio de Janeiro, a novidade foi o incremento de tudo o que já vinha sendo feito nos ciclos anteriores, especialmente por parte de Ministério do Esporte e estatais.