Relatos das provas

Pivô de polêmica, Semenya vence os 800m e leva seu primeiro ouro olímpico

LUCY NICHOLSON/REUTERS
Caster Semenya exibe seus músculos para o público no Engenhão imagem: LUCY NICHOLSON/REUTERS

Fábio Aleixo e Gustavo Franceschini

Do UOL, no Rio de Janeiro

A sul-africana Caster Semenya confirmou seu favoritismo na prova dos 800 metros rasos feminino e conquistou, neste sábado, no Engenhão, a primeira medalha de ouro de sua carreira em uma Olimpíada. Ela cruzou a linha de chegada em 1min55s28 e não quebrou o recorde mundial da prova (1min53s28), estabelecido em 1983 por Jarmila Kratochvilova, que representava a Tchecoslováquia. A prata ficou com Francine Niyonsaba (1min56s49), do Burundi, e o bronze (1min56s89), com a queniana Margaret Wambui. 

Antes de celebrar sua medalha de ouro, Semenya fez questão de cumprimentar suas adversárias. Além de agradecer o apoio dado por sua esposa e sua equipe, ela explicou que o gesto diante das concorrentes indica "espírito esportivo".

"Cumprimentei por espírito esportivo. Ninguém corre sozinho. O esporte tem a ver com socializar com as pessoas, fazer amigos. Eu entendo o sentido do esporte", destacou, em entrevista ao Sportv.

O nome de Semenya é cercado por muita polêmica no atletismo. A atleta é considerada uma atleta intersexual, já que não se encaixa na definição genética que diferencia corpos de homens e mulheres. O organismo da sul-africana produz níveis de testosterona semelhantes aos encontrados em homens.

Semenya, então com 18 anos, ganhou fama no Mundial de Berlim, em 2009, ao vencer os 800 metros com uma larga vantagem sobre suas concorrentes.

Depois, ela passou por testes para verificar sua condição física. Os exames de feminilidade foram criados em 1967 para assegurar que só mulheres disputassem as provas femininas, mas deixaram de ser obrigatórios em 2000. Hoje, caso apresente uma taxa mais alta de testosterona, a atleta passa por um tratamento hormonal ou uma cirurgia nos órgãos genitais e reprodutivos. 

Segunda e terceiras colocadas na prova, respectivamente, Francine Niyonsaba e Margaret Wambui, também são suspeitas de serem intersexuais. Porém, até hoje, nada foi confirmado e nenhuma se envolveu em uma polêmica como a de Semenya.

Até o resultado deste sábado, o melhor resultado de Semenya em Jogos Olímpicos havia sido a medalha de prata em Londres, há quatro anos.

1.500m masculino

Nos 1.500m masculino, o norte-americano Matthew Centrowitz surpreendeu e levou o ouro. A prata ficou com o argelino Taoufik Makhloufi; o bronze, com o neozelandês Nicholas Willis.

Centrowitz registrou o tempo de 3min50s e ficou surpreso ao perceber que era campeão olímpico. O queniano Ronald Kwemoi, que havia feito o melhor tempo da eliminatória, caiu na pista e cruzou a linha de chegada em último.

Salto em altura feminino

A espanhola Ruth Beitia é a nova campeã olímpica do salto em altura entre as mulheres. Sua marca (1,97m) foi a mesma da búlgara Mirela Demireva, da croata Blanka Vlasic e da norte-americana Chaunte Lowe, mas ela superou as concorrentes por ter necessitado de menos tentativas. Demireva e Vlasic ficaram com a prata e o bronze, respectivamente.

Lançamento de dardo masculino

O alemão Thomas Rohler atingiu 90,30m e conquistou a medalha de ouro no lançamento de dardo. O queniano Julius Yego, com 88,24m, ficou com a segunda colocação. Keshorn Walcott, de Trinidad e Tobago, registrou 85,38m para levar o bronze.

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