Basquete

"Patinho feio" do Dream Team quase não joga e tem salário de top do futebol

Getty Images
Harrison Barnes já ficou quatro jogos sem entrar nos Jogos do Rio imagem: Getty Images

José Ricardo Leite e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

A apertada vitória dos Estados Unidos sobre a Espanha, nas semifinais do basquete olímpico, viu novamente uma cena que já havia acontecido em outros três duelos: Harrison Barnes com agasalho do time por cima da camisa de jogo o tempo todo, sem ouvir seu nome ser chamado pelo técnico. Mas ficar sentado no banco durante o tempo todo virou cena comum para o ala nos Jogos do Rio quando o Dream Team tem partidas duras e apertadas.

O ala de 24 anos, o mais novo do time, foi o único jogador da equipe que ficou sem entrar durante quatro jogos –nas apertadas vitórias sobre Espanha, Sérvia, França e Austrália. Só participou nos finais de duelos fáceis, vencidos por mais de 30 pontos de diferença, contra China, Venezuela e Argentina. E quase sempre quando faltavam menos de seis minutos pra acabar. Fez 15 pontos nessas chances.

Dentre os 12 jogadores selecionados pelo técnico Mike Krzyzewski, Barnes é o único que talvez não tenha o símbolo de estrela na liga norte-americana de basquete. Fez boas temporadas pelo Golden State Warriors, inclusive no título de 2015, mas sempre à sombra de Stephen Curry, Klay Thompson e até de Draymond Green, companheiro de seleção dos EUA no Rio.

Barnes tem os números mais modestos na NBA entre os convocados dos EUA, com média de 11,7 pontos, 1,8 assistência e 4,9 rebotes na temporada regular. Green, que vem logo na sequência, tem 14 pontos, 7,4 assistências e 9,5 rebotes. Maior estrela do time americano no Rio, Kevin Durant, por exemplo, teve média de 28,2 pontos, cinco assistências e 8,2 rebotes na temporada, por exemplo.

Dificilmente Barnes estaria no tão seleto grupo da seleção chamada de Dream Team caso não houvesse tantas baixas e pedidos de dispensas pro Rio. Em meio a alegações de cansaço, lesões e até receio do zika virus, os Estados Unidos tiveram mais de dez jogadores que recusaram convocação. Desde estrelas como LeBron James, Stephen Curry, James Harden, Chris Paul e Russell Westrbrook até novatos como Bradley Beal, 23 anos, e John Wall, 25.

Outro fato que ajuda a justificar a presença de Barnes é sua idade. Os 24 anos o fazem ser o jogador mais jovem do time. Desde que assumiu o comando da seleção, em 2006, o técnico Krzyzewski sempre procura levar algum jogador mais novato para lhe dar experiência.

Apesar de não ter números pessoais comparáveis às principais estrelas da NBA, Barnes é visto como um jogador promissor. Tanto que o Dallas Mavericks ofereceu um salário dos mais caros da liga para tirá-lo do Golden State Warriors. O ala fechou contrato de quatro anos com vencimentos de US$ 23,6 milhões por temporada. Muito disso se deve à boa temporada que fez no título dos Warriors na temporada 2014/15. Mas a franquia de Oakland optou por liberá-lo e não cobrir a oferta do Dallas quando conseguiu fechar a contratação de Kevin Durant. O maior salário da NBA é o de LeBron James, com US$ 30,9 milhões, o maior de toda a história da liga.

O salário de Barnes como de primeira linha da NBA seria top 5 se comparado aos maiores do mundo no futebol. Segundo levantamento da revista americana Forbes, somente Cristiano Ronaldo (US$ 56 mi por ano), Messi (US$ 53,4 mi), Ibrahimovic (US$ 30,4 mi) e Gareth Bale (US$ 24,9) ganham cifras maiores no mercado do esporte mais popular do mundo, considerando apenas vencimentos pagos pelas equipes, e não se levando em conta verbas publicitárias e de patrocinadores pessoais.

Tanto o salário de Barnes como sua convocação, mesmo com as baixas, foram sempre criticadas pela imprensa americana. Os valores são vistos como fora do padrão para um jogador que ainda não mostra um valor para ser top de linha. Já foi ironicamente chamado de “o homem de US$ 90 milhões”, soma total de seu contrato de quatro anos, em publicações americanas.

Barnes foi questionado sobre pouca participação na Olimpíada e por qual motivo joga tão pouco. Usou a diplomacia. “Tem sido muito bom estar aqui com esses caras. Todo dia eu aprendo alguma coisa pra estar melhor. Tenho só que ficar pronto pra quando o treinador me chamar”, declarou.

Já o técnico da seleção americana, quando questionado, foi ainda mais lacônico. “Harrison tem uma papel nessa equipe como todos os outros.”

Topo