Relatos das provas

À sombra de Isinbayeva, grega é campeã olímpica no salto com vara

Kai Pfaffenbach/Reuters
Ekaterini Stefanidi, da Grécia, comemora sua vitória na final do salto com vara imagem: Kai Pfaffenbach/Reuters

Gustavo Franceschini e Rodrigo Mattos

Do UOL, em São Paulo

Yelena Isinbayeva não competiu, mas sua ausência é uma das histórias do salto com vara na Rio-2016. A russa, recordista mundial e maior nome da prova, ficou fora por conta do escândalo de doping envolvendo o atletismo de seu país e alertou que as medalhas conquistadas no Engenhão "não terão o mesmo valor" sem concorrência dela. A grega Ekaterini Stefanidi não pôde se medir contra a estrela, mas ainda assim sairá com o ouro. Com um salto de 4,85 m na final, ela bateu todas as rivais em uma prova marcada pelo mau desempenho das favoritas Jennifer Suhr e Yarisley Silva, eliminadas precocemente da disputa.

A prata foi para a americana Sandi Morris, que também saltou 4,85 m, mas em mais tentativas. Já o bronze ficou com a neozelandesa Eliza McCartney. Favoritas ao pódio, Jenn Suhr e Yarisley Silva sequer passaram de 4,70 m, 20 cm a menos do que elas podem alcançar. A disputa das medalhas, então, ficou com atletas mais jovens. McCartney (19 anos), Stefanidi (26) e Morris (24), todas com menos rodagem que elas.

McCartney estabeleceu o patamar de disputa ao passar 4,80 m sem errar nenhuma tentativa, estabelecendo sua melhor marca da carreira. Morris e Stefanidi demoraram uma tentativa a mais para passar a marca, mas em compensação fizeram 4,85 m antes da neozelandesa, que não conseguiu e ficou com um bronze inesperado que a levou às lágrimas ainda na pista.

Na decisão, pesou a favor da grega o menor número de erros ao longo da prova, já que nenhuma das duas passou 4,90 m. Sandi Morris, que desperdiçou uma chance no 4,70 m, acabou ficando com a prata no desempate.  

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Campeã olímpica em 2012, Jennifer Suhr passou longe de buscar o bi imagem: Kai Pfaffenbach/Reuters

Só que é impossível ignorar a ausência de Isinbayeva, dona da segunda melhor marca do ano, um 4,90 m que ela atingiu após três anos parada. A recordista mundial, como quase todos os seus compatriotas, foi barrada da Olimpíada pela Iaaf pelo escândalo de doping que envolveu o esporte russo. Indignada com o banimento, ela foi eleita para a Comissão de Atletas do COI (Comitê Olímpica Internacional), anunciou sua aposentadoria e jogou dúvidas sobre a disputa do salto com vara no Engenhão.

"Naturalmente, eu acreditava que não seria banida. E falava com meu técnico em fazer 5,10 m. Não tinha dúvida que seria capaz de competir neste nível. Eu acreditava na minha vitória, então elas competirem sem eu estar lá seria injustiça. Quem ganhar a medalha de ouro eu não vou duvidar, mas não deveria ser uma medalha justa. Vou parabenizar e ela vai sentir que não é um ouro total, pois não pôde derrotar Isinbayeva. O mundo queria ver esta competição", disse a russa nesta sexta, em uma concorrida entrevista coletiva no Rio de Janeiro.

Outra ausência sentida para os brasileiros foi a de Fabiana Murer. A brasileira, prata no Mundial do ano passado e cotada a um pódio no Rio de Janeiro, sofreu com uma hérnia de disco e sequer avançou à decisão. Após a terceira participação olímpica sem medalha, ela anunciou a aposentadoria.

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