Olimpíadas 2016

Da orla ao presídio: irlandeses presos por cambismo dividem cela no Rio

Arte UOL/Divulgação
Hotel em que membros do COI estão no Rio e cela de cadeia em Bangu imagem: Arte UOL/Divulgação

Hanrrikson de Andrade e Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

Os dois irlandeses presos no Rio de Janeiro por conta de suspeitas de envolvimento com a venda ilegal de ingressos da Olimpíada de 2016 encontraram-se na noite de quinta-feira (18) na cadeia. Patrick Hickey, presidente afastado do Comitê Olímpico Irlandês e membros licenciado do comitê executivo do COI (Comitê Olímpico Internacional), e Kevin James Mallon, executivo da multinacional THG Sports, estão dividindo a mesma cela da Cadeia Pública José Frederico Marques, no Complexo Penitenciário de Bangu.

Ambos, até suas prisões, estavam hospedados em hotéis a beira-mar na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Hickey, em particular, dormia em uma suíte no hotel Windsor Marapendi, local em que estão abrigados os principais dirigentes do esporte olímpico mundial, inclusive o presidente do COI, Thomas Bach.

De seus quartos confortáveis, passaram agora a ocupar celas comuns da cadeia pública que recebe todos os presos ingressantes no Complexo Penitenciário de Bangu. Segundo a Seap (Secretaria Estadual de Administração Penitenciário), assim como todos os internos, ambos têm “direito a banho de sol, refeições e visitas após o cadastramento”.

Os dois comem pão com manteiga e café com leite ao acordar; arroz ou macarrão, com feijão, farinha, carne, legume e saladas no almoço; e tem direito a um guaraná e outro pão com manteiga ou bolo no jantar.

Todo o tratamento, de acordo com a Seap, segue o previsto na Lei de Execuções Penais. A própria secretaria informou que ambos ainda podem ser transferidos para celas especiais caso tenham concluído um curso superior. Para isso, porém, será necessário que os advogados de defesa apresentem comprovantes do grau de escolaridade, o que ainda não aconteceu.

Presos em hotel acusados de cambismo

Hickey, 71 anos, foi preso preventivamente na manhã de quarta-feira suspeito de facilitar o repasse de ingressos olímpicos à THG. Hickey foi preso no quarto de seu filho no Windsor Marapendi. Segundo a polícia, ele foi avisado da chegada de policiais ao hotel. Saiu de seu quarto e se escondeu no outro quarto.

Ao ser preso, Hickey passou mal. Foi para hospital e passou a noite de quarta para quinta internado. Recebeu alta, prestou depoimento e foi encaminhado para o presídio.

Já Mallon foi preso no dia da abertura da Olimpíada durante uma recepção organizada pela THG no hotel Next Barra. O executivo estava hospedado no mesmo hotel. Com ele, a polícia apreendeu 823 ingressos da Olimpíada de 2016. Alguns para os eventos mais concorridos dos Jogos.

A Polícia Civil e o Ministério Público acusam Mallon de vender esses ingressos a preço acima dos oficiais. Isso, no Brasil, é crime de cambismo. Outros sete estrangeiros já tiveram sua prisão decretada suspeitos de participar do mesmo esquema de venda de entradas da Rio-2016. Todos estão soltos já que estão fora do país.

Presos recorrem à Justiça

Tanto Mallon como Hickey já recorreram à Justiça em busca de liberdade. Seus recursos não foram aceitos. Por isso, eles seguem presos.

Fraklin Gomes é advogado de Mallon e da THG. Ele afirma que a empresa e o executivo não cometeram atos ilegais no Brasil nem venderam ingressos da Olimpíada sem autorização para isso.

Hickey está sendo representado por um advogado indicado pelo Comitê Olímpico Irlandês, de acordo com o porta-voz do COI, Mark Adams. O comitê irlandês informou que colabora com a Justiça brasileira. Informou também que a partir desta sexta-feira não pretende mais falar sobre a prisão de Hickey.

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