"Montanha" supera câncer para colocar Brasil em final inédita após 84 anos
Wagner Domingos lançou seu martelo a 74,17m, liderou sua série semifinal no estádio do Engenhão e se garantiu na final da prova nos Jogos Rio-2016. A classificação por si só já simbolizaria uma grande conquista para o brasileiro ao se tratar de um esporte sem muita popularidade no país. A chance de disputar uma medalha olímpica, no entanto, representa muito mais para “Montanha”, como é chamado desde pequeno por conta de seu físico avantajado.
A vaga ao lado de gigantes do leste europeu na final do lançamento de martelo é praticamente uma medalha para quem há cinco anos tomou o maior susto da vida: Wagner foi diagnosticado com um câncer na bexiga em 2011.
“A gente nunca imagina. A palavra câncer assusta, é muito forte, dá muito medo. Fiquei abalado. Começamos a pensar em muitas coisas ruins, é difícil. Mas a única coisa que eu podia era lutar. Não adiantava chorar, tive que ir para cima. Lutei, e agora estou nessa final”, recordou Montanha.
“Descobri em um exame de rotina, tive que parar minha vida e fazer a operação. Foi algo muito forte. Tive muita sorte de o tumor estar pequeno e ter uma equipe médica excelente que me ajudou lá atrás e me acompanha até hoje”, completou.
E a vitória não é apenas pessoal. Domingos quebrou um jejum de 84 anos de um esporte que não via brasileiros em Olimpíadas desde 1932, em Los Angeles (EUA).
“É muito simbólico. Estou realmente muito feliz. Desde o início da preparação, lá atrás, só pensava nessa final. É muito gratificante. Talvez esteja um pouco abaixo dos principais atletas que brigam por medalha, mas vou fazer ajustes para chegar. Sei da importância para o país”.
Na próxima sexta (19), novamente no Estádio Olímpico, o renovado Wagner utilizará sua história como motivação para novos capítulos de sua história e da trajetória do atletismo brasileiro.
“Sempre que entro ali para competir busco forças em toda história que passei. Me tornei uma pessoa melhor depois daquilo. Sou um cara novo, até mesmo no lado de mente e concentração. Isso ajuda. Na final será assim mais uma vez”, prometeu.
O brasileiro irá encarar nomes como os líderes Wojciech Nowicki, da Polônia, que lançou o martelo a 77m64, e Ivan Tsikhan, de Belarus, com 76m51. “Quero fazer uns 76 metros. Se bater 78, acho que dá medalha”, finalizou Montanha.