Meninas da praia têm melhor resultado em 12 anos, mas Tóquio-2020 preocupa

Gustavo Franceschini
Do UOL, no Rio de Janeiro

Com duas duplas na semifinal e uma prata olímpica, o vôlei de praia feminino do Brasil conseguiu o seu melhor resultado desde 2004, quando Adriana Behar e Shelda foram à decisão em Atenas. O feito é para se comemorar, mas o futuro exige um sinal de alerta. Experientes, Larissa/Talita e Agatha/Barbara saem do Rio de Janeiro sem a certeza de que estarão em Tóquio daqui a quatro anos.

“Quero descansar um pouco. Ser mãe é um sonho que eu tenho e só foi adiado”, disse Larissa, após a perda do bronze para Walsh e Ross. “Acho que a gente não chega até Tóquio. A Larissa quer ser mãe, eu também. Acho que a gente joga um tempinho, mas não chega até Tóquio não”, completou Talita.

Aos 34 e 33 anos, respectivamente, Larissa e Talita já tratavam a Olimpíada do Rio de Janeiro como a última de suas carreiras. Larissa em especial, já que tinha se aposentado pela primeira vez há quatro anos para tentar engravidar. Agora, é difícil imaginar que uma das jogadoras mais dominantes da última década, com uma Copa do Mundo e oito títulos do circuito mundial no currículo, vá chegar à sua quarta edição dos Jogos.

Agatha e Barbara, com 33 e 29, são mais jovens e poderiam trilhar outro caminho. O Rio, afinal, foi a primeira Olimpíada das duas, que estão há mais de uma década batalhando por um lugar ao sol no vôlei de praia. Esse espaço na elite só veio no atual ciclo e foi premiado com a medalha de prata em Copacabana. Só que elas não se arriscam a cravar que estarão em Tóquio, em 2020.

“Olha, não sei, né? Acabei de jogar uma e vocês já querem pensar daqui a quatro anos? Não sei, é um caminho muito longo pela frente”, disse Barbara.

A experiência das duas duplas cria uma situação difícil para o futuro. O Brasil demorou 12 anos para voltar a uma final olímpica e esteve a uma vitória de igualar seu desempenho em Sydney, em 2000, quando ganhou duas medalhas entre as meninas. Agora, precisa pensar em garotas mais novas se quiser fazer algo parecido em Tóquio.

Hoje, a maior aposta neste sentido é Duda Lisboa, parceira de Elize Maia que é considerada um talento do vôlei de praia. Aos 18 anos, ela já conquistou duas etapas do Circuito Mundial em 2016 e soma diversos títulos nas categorias de base. O caminho até o Japão, porém, é imprevisível.