Martine e Kahena vencem na vela e Brasil bate ouros de Londres-2012

Bruno Doro e Gustavo Franceschini
Do UOL, no Rio de Janeiro

Campeãs mundiais, eleitas as melhores velejadoras do planeta e favoritas na primeira Olimpíada que disputariam na vida, justamente em casa. Com um desempenho brilhante, Martine Grael e Kahena Kunze ignoraram qualquer tipo de pressão, venceram a regata decisiva da classe 49er FX e conseguiram, nesta quinta-feira, o sonhado ouro olímpico, o quarto do Brasil na Rio-2016.

A conquista na vela faz o país finalmente superar o número de títulos de Londres-2012, quando havia conquistado três primeiras colocações. O ouro de Martine e Kahena se soma aos de Rafaela Silva (judô), Thiago Braz (salto com vara) e Robson Conceição (boxe), que já haviam subido no alto do pódio olímpico no Rio de Janeiro. O Brasil, no entanto, ainda segue longe da meta para a Olimpíada, que era entrar no top 10 do total de medalhas – hoje tem 13, contra 17 da Coreia do Sul, décima colocada no momento.

Martine e Kahena, que fizeram a sua parte, só têm a comemorar. As duas chegaram como favoritas ao ouro e souberam lidar com a pressão em uma classe muito disputada até o fim. Nas 12 primeiras rodadas, as brasileiras tiveram como pior desempenho um 11º lugar, foram premiadas pela regularidade e chegaram à regata da medalha empatadas na primeira colocação com as embarcações de Espanha e Dinamarca.

A disputa desta quinta, portanto, era fundamental. Com pontuação valendo em dobro e só dez barcos na Baía de Guanabara, Martine Grael e Kahena Kunze conseguiram se manter à frente das rivais desde o começo da prova, ultrapassaram as neozelandesas ao contornar a quinta marca e conquistaram o ouro.

 

A conquista é a cereja do bolo para a dupla, que se conhece desde a adolescência e se juntou no começo do atual ciclo olímpico para uma campanha memorável rumo ao Rio. Em uma classe nova, como a 49er FX, elas se destacaram das demais desde o começo da parceria e chegaram à Olimpíada com um histórico de 25 pódios em 33 competições disputadas.

O ponto alto dessa história foi em 2014, quando elas conquistaram o Mundial de vela em Santander, na Espanha, e levaram o título de melhores atletas do ano pela federação internacional do esporte. Dois anos depois, o favoritismo se confirma justamente na cidade em que as duas vivem e treinam e poderá ser comemorado com toda a família reunida.

Martine conquistou a oitava medalha para a família Grael, a mais tradicional da vela brasileira. O tio, Lars, tem dois bronzes em 1988 e 1996, enquanto o pai, Torben, soma cinco medalhas (sendo duas de ouro) entre 1984 e 2004. Kahena também é filha de um ex-velejador: Claudio Kunze, campeão mundial da classe Pinguim nos anos 1970. Hoje, porém, a glória é só das herdeiras, que alcançam, com méritos, seu lugar próprio no Olimpo.

Reuters