Após reinvenção pessoal, Isaquias encara pressão em busca de 1º ouro
Guilherme CostaDo UOL, no Rio de Janeiro
Afrânio da Costa e Guilherme Paraense na Antuérpia, em 1920; Gustavo Borges em Atlanta, em 1996; César Cielo em Pequim, em 2008. Será a vez de Isaquias Queiroz em 2016, no Rio de Janeiro? Nesta quinta-feira (18), o brasileiro de 22 anos tem chance de se tornar o quinto representante nacional a obter duas medalhas em uma edição de Olimpíadas. Mais do que chance, tem pressão. Na semifinal da C1-200 da canoagem velocidade, foi dele o melhor tempo – não apenas da fase, mas da história da prova nos Jogos. Depois de ter feito uma reinvenção pessoal, Isaquias terá de lidar com favoritismo se quiser seu primeiro ouro.
A reinvenção tem a ver com a principal deficiência de Isaquias na prova. O C1-200 é disputado em um percurso de 200 metros, e o brasileiro costuma se destacar apenas nos 150 finais. A largada sempre foi um problema para ele, e por isso o técnico Jesús Morlán colocou o atleta para treinar até durante os Jogos Olímpicos.
Na última quarta-feira (17), a estratégia deu frutos. Isaquias passou com tranquilidade pelas eliminatórias e pelas semifinais da prova. Avançou à decisão com o melhor tempo da história das Olimpíadas (39s659) – como é suscetível a variações ambientais, a canoagem velocidade não trabalha com o conceito de recordes.
“Fiz um treinamento de largada para pegar esse jeito, porque eu tenho os primeiros 50 metros lentos e começo a buscar todo mundo nos outros 150 metros. Eu treinei bastante saída e consegui ir um pouquinho melhor hoje [quarta-feira]”, relatou Isaquias.
Os principais rivais para essa versão renovada do brasileiro são o bielorrusso Artsem Kosyr, campeão mundial do C1-200 no ano passado, e o chinês Qiang Li, que ficou em segundo na prova naquela competição – Isaquias foi o terceiro.
Além de nomes como esses, Isaquias terá de enfrentar a pressão. A começar pelo panorama da própria prova: o brasileiro também foi medalhista de bronze na edição anterior do Mundial, em 2014, e venceu a prova no ano passado, nos Jogos Pan-Americanos de Toronto. Somada ao tempo da semifinal, a regularidade do canoísta em pódios de eventos relevantes baliza a aposta para a Rio-2016.
A pressão também é pela possibilidade de um feito. Isaquias pode ser o primeiro brasileiro a amealhar três pódios em uma edição de Jogos. Ele já foi prata no C1-1000 e tem pela frente o C1-200 e o C2-1000.
Por fim, Isaquias carrega nos ombros a expectativa de toda a delegação nacional. O COB (Comitê Olímpico do Brasil) estabeleceu meta de colocar o país entre os dez primeiros no quadro geral de medalhas da Rio-2016. Para isso, estima que sejam necessários algo entre 23 e 27 pódios. Até aqui, os atletas nacionais conquistaram 11 láureas.