Por que o hino do Brasil começou de um jeito e acabou de outro na Rio-2016
Disputando os Jogos Olímpicos em casa, o Brasil enfrentou uma dificuldade inesperada nos primeiros dias: o hino nacional do país não estava sendo reconhecido nem por atletas nem pelo público. Era uma versão compacta, de 90 segundos, como exige o COI (Comitê Olímpico Internacional), mas quase impossível de cantar.
Depois de alguns desencontros, a causa foi descoberta. A versão que vinha sendo tocada nas arenas olímpicas era uma aberração. Começava com a introdução e seguia com a primeira estrofe da primeira parte, que todo mundo tem na ponta da língua:
Ouviram do Ipiranga às margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante,
E o sol da liberdade em raios fúlgidos
Brilhou no céu da pátria nesse instante.
Mas em seguida havia um salto enorme e entravam as últimas estrofes da segunda parte:
Mas, se ergues da justiça a clava forte
Verás que o filho teu não foge à luta
Nem teme quem te adora a própria morte
Terra adorada
Entre outros mil
És tu, Brasil
Ó pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada
Brasil
Como isso foi acontecer? Antes de a Rio-2016 começar, o COI enviou ao COB (Comitê Olímpico do Brasil), para aprovação, a bandeira do país que seria usada em premiações e esta versão do hino, a ser tocada antes de algumas competições e nas entregas de medalha.
Quando surgiram as primeiras reclamações do público, o Comitê Organizador se viu numa saia justa ao ser questionado. Como deixaram tocar nas arenas olímpicas uma versão tão estranha do hino? Descoberto que o próprio COB havia aprovado este compacto, o problema foi transferido para a alçada nacional.
O COB, então, providenciou uma nova versão – a que está sendo tocada atualmente. Ela consiste da introdução e de toda a primeira parte. Está fazendo sucesso – o público canta junto com os atletas sempre que é tocada.
Só há um pequeno problema com o novo compacto: ele dura um minuto e 45 segundos – 15 segundos a mais do que o determinado pelo COI. Como ninguém reclamou, até o momento, é este que continuaremos a ouvir.