Atletismo

Peixinho que valeu ouro no atletismo gera controvérsia nos EUA

Fabrizio Bensch/Reuters
Shaunae Miller fica com ouro nos 400m rasos com "peixinho" no fim imagem: Fabrizio Bensch/Reuters

Do UOL, no Rio de Janeiro

Shaunae Miller, de Bahamas, conquistou a medalha mais polêmica do atletismo nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Na final dos 400 metros, correndo em uma raia externa, ela deu um peixinho na linha de chegada. A manobra valeu o ouro e deixou Alysson Felix, dos EUA, que fez a chegada tradicional, inclinando o corpo para frente, em segundo lugar.

Assim que o resultado foi confirmado, o público norte-americano reclamou nas mídias sociais. Muita gente chamou a manobra de ilegal. Outros questionaram a ética de Shaunae ao mergulhar. Um editor da rede de TV NBC falou até mesmo que a norte-americana foi roubada.

“Eu olhei isso e dei risada. Não há muito o que dizer”, explicou a atleta de Bahamas. “Eu comecei a cansar no final, minhas pernas foram ficando pesadas e a única coisa que eu queria fazer era chegar ao final”.

É importante ressaltar que a chegada é legal. As regras não dizem como deve ser feita a chegada em uma prova. Preveem apenas que o cronometro para quando o torso do atleta passa pela linha. “Pensando nisso, a vantagem nem é tão pequena”, disse o especialista em cronometragem Roger Jenning, chefe de árbitros de linha de chegada da mais importante empresa de cronometragem dos EUA, Flash Results, para a Sports Illustrated.

“As pessoas estão bravas porque Miller ganhou com um mergulho. A maioria dos profissionais usou essa tática para vencer uma hora ou outra. Miller não trapaceou ninguém. Ganhou de forma justa”, escreveu Lolo Jones, bicampeã mundial dos 60m com barreiras.

As críticas à atleta de Bahamas irritaram Ato Boldon, velocista com quatro medalhas olímpicas de Trinidad e Tobago. “Eu fiquei muito p... ao ver as pessoas questionando se Shaunae foi ética ou dizendo que foi um truque barato. Eu fico longe das redes sociais por coisas assim. Esses peixinhos acontecem o tempo todo. Parece que os americanos só estão reclamando porque Alysson perdeu”, disse o agora comentarista da NBC.

O curioso é que é a segunda vez que Alysson Felix perde uma posição dessa maneira nos últimos meses. Durante a seletiva dos EUA para a Rio-2016, ela ficou em quarto lugar na prova dos 200m rasos, quando Jenna Prandini ficou com a última vaga na equipe americana usando o movimento.

Atleta se surpreende com a repercussão

ODF
imagem: ODF

Shaunae Miller deu entrevista para a rede de televisão norte-americana “ABC” e se mostrou surpresa com a repercussão de sua chegada. “Faz parte do esporte. Isso já foi feito tantas vezes”, afirmou.

“Fiquei realmente surpresa com a repercussão, mas quer saber, não deixo essas coisas me afetarem. Coisas acontecem. Isso é o atletismo”, prosseguiu.

Durante a entrevista, Shaunae afirmou ter deixado de sentir suas pernas na parte final da prova, o que resultou em sua queda na linha de chegada. “Eu liderei os primeiros 300m e quando faltavam 40m para o fim, minhas pernas estavam tão pesadas... Comecei a perder a sensação e quando estava perto da linha, foi como: ‘meu Deus, tenho que chegar. Na sequência, não senti mais minhas pernas e comecei a cair”.

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