Olimpíadas 2016

Impedidos de sair do Brasil, nadadores deixam delegacia da Polícia Civil

Rede Globo/Reuters
Jack Conger (esq) e Gunnar Bentz (dir) entram em delegacia da Polícia Civil no Aeroporto Internacional do Rio imagem: Rede Globo/Reuters

Ana Cora Lima e Vinicius Segalla

Do UOL, no Rio de Janeiro

Os nadadores Gunnar Bentz e Jack Conger, atletas da delegação dos EUA na Rio-2016, foram impedidos pela Polícia Federal (PF) de deixarem o Brasil na noite desta quarta-feira (17). Os dois tentavam embarcar para os Estados Unidos do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, mas foram levados pelos agentes para a delegacia civil no aeroporto.

Depois de algumas horas na delegacia, os dois nadadores foram liberados após a chegada do advogado da dupla, Sergio Riera. Ambos, porém, não podem ainda deixar o Brasil e deverão prestar depoimento à Polícia nesta quinta-feira. O destino de Bentz e Conger no Brasil não foi divulgado.

De acordo com Riera, os americanos sequer prestaram depoimento, pois ainda há uma controvérsia jurídica se a dupla será ouvida como testemunha ou vítima do caso do suposto assalto.  

“Sobre os fatos, não vamos nos manifestar agora. Eles estavam muito assustados, não entendiam o que estava acontecendo e por que não poderiam embarcar. Houve uma confusão entre o despacho e o que o delegado afirmava. Enquanto isso não for solucionado, eles não vão prestar depoimento”, disse Sergio Riera, sem especificar qual teria sido a confusão que citou.

O problema se deu em virtude da condição de vítima e testemunha em que os nadadores teriam que depor, o que estaria confuso nas determinações judiciais proferidas até agora. Por causa disso, a defesa dos atletas protocolou formalmente  pedido de esclarecimento e informou que seus clientes não irão participar de qualquer oitiva no inquérito ate que a questão seja esclarecida.

Gunnar Bentz e Jack Conger estavam entre os quatro nadadores dos EUA que foram supostamente assaltados na madrugada do último domingo (14). Além deles, Jimmy Feigen e Ryan Lochte estavam num táxi que, segundo afirmaram à Polícia Civil, foi parado por uma falsa blitz.

Em depoimento após o ocorrido, eles afirmaram aos investigadores da Delegacia Especial de Apoio ao Turista que tiveram dinheiro e carteira roubados quando voltavam de uma festa em direção à Vila Olímpica. Enquanto Jimmy Feigen afirmou tratar-se de um assaltante, Lochte disse que havia mais de um homem. Ambos relataram que foram abordados por um assaltante que portava um distintivo policial. Até o momento, a Polícia não conseguiu localizar o referido taxista.

Aos investigadores do caso, Lochte ainda afirmou que eles pegaram um segundo táxi após o assalto, mas não explicou como conseguiu pagá-lo. A Polícia também teve acesso ao vídeo que mostra o momento em que os quatro chegam à Vila dos Atletas.

Na manhã desta quarta, a Polícia cumpriu mandado de busca e apreensão dos passaportes dos nadadores norte-americanos Ryan Lochte e James Feigen, expedido pela Justiça. Os policiais, no entanto, não conseguiram cumprir os mandados, visto que nenhum dos dois estava no local.

O repórter Matt Lauer, da rede de TV americana NBC, afirma ter conversado com Lochte, que negou ter inventado a história. "Ele decididamente negou isso. Disse que não é o caso", afirmou o jornalista. "Eu não inventaria uma história assim, nem os outros. De fato, todos nós sentimos que isso cria uma imagem ruim de nós", disse o nadador, segundo Laurer.

Ainda de acordo com a NBC, Feigen ainda está no Brasil. O nadador fez um check in online, mas não apareceu no aeroporto por haver a ordem judicial do confisco do passaporte.

O mandado foi expedido dois dias depois de Lochte ter ido embora do Brasil. Segundo a Polícia Federal, ele "deixou o país em voo comercial com destino aos Estados Unidos no dia 15/8"

A justificativa da Justiça da busca e apreensão dos passaportes dos nadadores americanos é a possibilidade de eles terem cometido o delito de comunicação falsa de crime, que tem pena prevista de um a seis meses de detenção e multa.

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